Quatro brigadistas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) tiveram um encontro “cara a cara” com uma onça-pintada. Eles realizavam monitoramento e vigilância noturna de um foco de incêndio combatido na porção central do Parque Nacional do Pantanal de Mato Grosso na última quinta-feira (11).  

Em relato ao ICMBio, João Paulo da Silva Silvino conta que estava no acampamento com os companheiros de brigada à noite, e ao apanhar lenha para avivar a fogueira, bem próximo ao local onde a equipe descansava após um dia intenso de trabalho, foi surpreendido pelo animal em sua frente. Segundo eles, era uma fêmea com filhote. 

“É por Deus que estou aqui agora. Me afastei cinco metros da fogueira para pegar lenha e senti que a onça estava próxima. Ergui os braços e gritei. Meus companheiros vieram me socorrer imediatamente, se estivesse sozinho não estaria aqui”, conta o brigadista. 

A vigilância e o monitoramento são etapas fundamentais após o combate direto e indireto aos incêndios florestais, permitindo que as equipes atuem com rapidez em caso de reignição e propagação das chamas.

Como o incêndio está controlado no local e, devido à ocorrência, o comando decidiu monitorar o local com sobrevoos, ao invés de manter equipes em solo no período noturno por questão de segurança.

Após a ocorrência, os quatro brigadistas não conseguiram descansar durante a noite. Eles retornaram à sede do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense na manhã seguinte, em aeronave da Marinha que estava dando apoio na operação. 

O que fazer nessas situações

Encontros com onças no Pantanal não são incomuns. No entanto, o fato de estarem na mesma área que o ser humano, não significa que elas irão investir contra as pessoas. 

“Onça não ataca de graça. É um animal curioso que pode ficar por perto observando os humanos. Ao ser surpreendida ou assustada, prefere fugir que atacar”, comenta Rogério Cunha de Paula, coordenador do Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros), do Instituto Chico Mendes. 

O pesquisador com experiência de anos em conflitos entre humanos e onças ressalta a necessidade dos cuidados em situações como a vivenciada pelos brigadistas. 

“O brigadista agiu bem ao levantar os braços e gritar, e o grupo se unindo a ele para assustar a onça foi a melhor estratégia”. Após da ocorrência, o Cenap planeja preparar um material instrutivo em vídeo para orientar os servidores e colaboradores quanto aos cuidados a serem tomados em ações nos territórios de onças.