Presidente do IBGE defende produção estatística com dados digitais da população

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, defendeu nesta quinta-feira, 16, que o órgão utilize em sua produção estatística os dados pessoais da população, a exemplo do que já fazem companhias de tecnologia, redes sociais e aplicativos digitais. Pochmann lembrou que grandes empresas de tecnologia já acessam e utilizam em […]

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IBGE (Marcos Ermínio, Midiamax)
Agente do IBGE (Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, defendeu nesta quinta-feira, 16, que o órgão utilize em sua produção estatística os dados pessoais da população, a exemplo do que já fazem companhias de tecnologia, redes sociais e aplicativos digitais.

Pochmann lembrou que grandes empresas de tecnologia já acessam e utilizam em seus bancos de dados informações como fotografias, mensagens, roteiros percorridos e decisões de compras de usuários de internet e redes sociais.

“Tudo isso está autorizado a ser utilizado por empresas que não pertencem ao Brasil. E essas informações são espontaneamente transferidas. E nós temos que ter o trabalho de ir até os brasileiros, consultar os brasileiros. Eu quero dizer que vamos continuar fazendo isso. Mas precisamos fazer mais. Precisamos entrar de fato nessa nova fase”, defendeu Pochmann em discurso, durante o evento “1º Encontro Diálogos IBGE 90 Anos”, em Parada de Lucas, na zona norte do Rio de Janeiro.

“O IBGE, para obter suas informações, entrevista os brasileiros, vai à casa dos brasileiros. Mas hoje nós sabemos que todos nós, de certa maneira, que usamos internet e redes sociais, doamos as nossas informações gratuitamente”, acrescentou.

O presidente do IBGE disse que já tem travado uma série de diálogos sobre o assunto, inclusive com o presidente da Anatel, com objetivo de avançar na construção de um sistema nacional autônomo de estatística, geografia e dados. Segundo ele, o sistema será autônomo, porque as informações seriam integradas e mantidas, mas não apropriadas pelo IBGE.

“Isso é uma questão de decisão nacional”, frisou. “Se quisermos ser um país autônomo, não apenas política e economicamente, mas também do ponto de vista da informação, do dado, é preciso, avançar nesse sentido. É um tema tratado nos grupos de trabalho, essencial como os demais.”

Para Pochmann, o Brasil “vive uma mudança de época”, com possibilidade de construir um futuro melhor, mas que depende “cada vez mais dos dados, da estatística, da geografia, algo que é o elemento fundante do próprio IBGE”.

“A revolução informacional mudou o curso da história e tornou o conjunto dos dados e suas aplicabilidades o modelo de negócios. Essa mudança de época faz com que hoje o IBGE não esteja mais sozinho. Ele faz parte já de uma competição de empresas e instituições, muitas delas estrangeiras, que dominam os dados, e que permitem inclusive conhecer mais o Brasil do que o próprio IBGE, ter mais informações que o presidente da República, que o governador, que o prefeito. Isso é possível através do avanço da internet, das redes sociais, e que nós, naturalmente , espontaneamente, fomos transferindo nossas informações para aquelas instituições que mantêm a própria internet”, justificou

As declarações foram dadas por Pochmann no primeiro dia do evento – fechado à imprensa, mas transmitido virtualmente – que definirá 12 diretrizes para a atuação do IBGE nos próximos três anos, até seu 90º aniversário, em 2026, último ano do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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