Entenda como foi a fraude investigada pela PF no cartão de vacina de Bolsonaro

Além do cartão de Bolsonaro, documentos da filha e de mais 3 pessoas foram alterados

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Ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Os rastros deixados na inserção de dados falsos nos cartões de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro e da filha Laura, de 12 anos, foram determinantes para as investigações da Polícia Federal. Operação Venire, deflagrada pela PF nesta quarta-feira (3), cumpre mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente e já prendeu quatro pessoas.

De acordo com a investigação da PF, a inserção de dados falsos nos dois cartões de vacina da família aconteceu no dia 21 de dezembro, às vésperas de viagem de Bolsonaro para os Estados Unidos.

Informação de vacinação foi lançada no sistema ConectSUS apenas para a emissão do certificado de vacinação, documento obrigatório e exigido pelo governo americano para entrada de estrangeiros no país.

Após a emissão do certificado online, os dados foram retirados do sistema do Ministério da Saúde no dia 27 de dezembro. Essa retirada dos dados deixou rastro de fraude e levou a PF a investigar a suspeita.

Além dos dois cartões da família, documentos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, da esposa e filha deles também foram adulterados. Neste caso, a PF suspeita que os lotes de vacina incluídos na inserção falsa de dados não existiam. Houve tentativa de retificar o número do lote, o que também levantou suspeita.

Operação Venire

A casa de Bolsonaro é alvo de buscas nesta manhã. O celular de Bolsonaro foi apreendido. Ao todo, 16 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão preventiva são cumpridos.

De acordo com a Polícia Federal, não há mandado de prisão contra o ex-presidente. A corporação apura a atuação de uma associação criminosa que tinha como prática inserir dados falsos de vacina contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19”, diz a PF em nota.

As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal. E, segundo a PF, quatro crimes são investigados: infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

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