Pular para o conteúdo
Brasil

Comissão da Câmara convoca ministros por ‘discriminação’ e ‘perseguição’ ao agro

Setor agro fala em prova com viés ideológico
Agência Estado -
Compartilhar
Câmara dos Deputados em Brasília (Pablo Valadares, Câmara dos Deputados)

A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, 8, a convocação dos ministros Camilo Santana (Educação) e Marina Silva (Meio Ambiente) para prestar esclarecimentos sobre posturas de “discriminação” e “perseguição” feitas ao agronegócio, segundo os proponentes dos requerimentos. A ofensiva do colegiado ocorreu após a polêmica das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que foram desaprovadas pela bancada que defende o setor.

Os deputados aprovaram a convocação do ministro da Educação para que ele preste esclarecimentos sobre a “politização” do Enem, que foi aplicado no último domingo, 5. O ministro deve comparecer ao colegiado no dia 22 de novembro.

Na segunda-feira, 6, a Frente Nacional da Agropecuária (FPA), que conta a participação de 347 congressistas, pediu a anulação de três questões do exame, que abordaram os efeitos do agronegócio no Cerrado e na Floresta Amazônica e a nova corrida espacial feita por bilionários. A FPA também exigiu o comparecimento de Santana em audiências na Câmara e no Senado Federal.

“É inacreditável o governo federal se utilizar de desinformação em prova aplicada para quase 4 milhões de alunos brasileiros que disputam uma vaga nas universidades do Brasil. A anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira”, afirmou a FPA em nota divulgada na segunda.

O requerimento de convocação de Camilo Santana é de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que disse que o agro reagiu com repúdio às questões do Enem. Segundo o parlamentar, o setor não pode ser simplificado como uma “força exclusivamente negativa” nas discussões sobre a preservação ambiental.

“As perguntas em questão representam um perigoso desserviço à nação, dada a apresentação de uma abordagem unicamente crítica em relação à atividade agropecuária no Brasil, bem como uma escolha clara de uma corrente ideológica”, afirmou Evair no requerimento.

O parlamentar solicita esclarecimentos “a respeito da politização das provas do Enem de 2023, em especial sobre a discriminação do setor agropecuário da região Centro-Oeste e seus habitantes”.

Ao Estadão, o presidente da comissão Tião Medeiros (PP-PR) afirmou que a convocação do ministro da Educação busca entender o objetivo das questões criticadas pelo setor. “O convite foi para falar sobre o quanto essa prova do Enem está avaliando os alunos ou ideologizando eles”, afirmou.

Marina é convocada para explicar ‘clara perseguição’ ao agro

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi convocada para prestar esclarecimentos sobre supostas medidas adotadas pela pasta que representam uma “clara perseguição a agropecuária brasileira e aos produtores rurais do Brasil”.

O requerimento de convocação da ministra é de autoria do deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), que não citou a prova do Enem aplicada no domingo. Porém, conforme mostrou a Coluna do Estadão, nos bastidores, sabe-se que o pedido só foi aprovado por causa da polêmica.

Segundo Tião Medeiros, a data do comparecimento de Marina ainda será discutido com a pasta do Meio Ambiente, mas deve ocorrer entre os dias 21 e 22 deste mês.

Rodolfo Nogueira citou uma reportagem, publicada pelo Estadão, que mostra que o governo federal havia escalado Marina para apresentar medidas de combate à crise das queimadas que ocorrem no Amazonas. Uma das propostas idealizadas pelo governo foi a suspensão do registro do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de imóveis com focos de calor e incêndio sem autorização.

“É de extrema importância que se esclareça de forma transparente e clara qual é a verdadeira intenção do Ministério do Meio Ambiente ao adotar essa estratégia, bem como quais impactos foram considerados na elaboração da proposta. Isso é fundamental para garantir a confiança da sociedade nas políticas ambientais e agrícolas do Brasil”, afirmou Nogueira.

Coluna também mostrou que parte da bancada do agronegócio tenta arrastar o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para a crise causada pelo Enem. O deputado Evair de Melo quer convocá-lo para depoimento tanto na Comissão de Agricultura quanto na de Fiscalização Financeira e Controle.

Estadão procurou os ministros Camilo Santana e Marina Silva, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados