Brasil e Estados Unidos retomam plano contra discriminação étnico-racial
Brasil e Estados Unidos (EUA) retomaram, nesta quarta-feira (3), o acordo de cooperação bilateral para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (Japer), nos dois países. O anúncio foi feito pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e pela representante dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), a embaixadora Linda […]
Agência Brasil –
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Brasil e Estados Unidos (EUA) retomaram, nesta quarta-feira (3), o acordo de cooperação bilateral para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (Japer), nos dois países.
O anúncio foi feito pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e pela representante dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), a embaixadora Linda Thomas-Greenfield, em entrevista coletiva, na Casa do Carnaval, em Salvador (BA).
A cidade foi escolhida por ser a capital do estado com a maior população negra do país. “Tem toda a representatividade. É um estado que merece respeito”, disse a ministra brasileira. A embaixadora norte-americana Thomas-Greenfield concordou.
“Estamos aqui, em Salvador, o coração do Brasil negro, porque essa cidade representa tanto o passado de racismo, quanto o futuro otimista que queremos”, declarou a representante dos EUA na ONU, a embaixadora Thomas-Greenfield.
A primeira reunião de trabalho do Japer está agendada para 23 de maio, em Brasília, com a previsão de ter a presença da representante especial dos EUA para Equidade Racial e Justiça, Desirée Cormier Smith.
Japer
O plano de ação conjunta Japer foi assinado pelos EUA e pelo Brasil, pela primeira vez, em 2008, sob coordenação da então Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do Ministério das Relações Exteriores, no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, as ações foram descontinuadas em 2011, de acordo com o Ministério da Igualdade Racial.
“É muito histórico o que a gente já tem feito um acordo que foi assinado em 2008, que fica parado, mas que tem muita potência para crescer e para transformar vidas de muitas pessoas negras”, disse a ministra da Igualdade Racial.
Com a retomada do plano Japer, o programa prevê a articulação de políticas de ações afirmativas, além de intercâmbios e trocas de experiências e boas práticas entre os dois países, em diversas áreas do conhecimento como educação, saúde, memória e cultura e combate à violência letal. “Em relação ao genocídio da população negra, teremos o [programa] Juventude Negra Viva, que vai ser o nosso estágio, vai ser o nosso pontapé inicial aqui, para que a gente possa estabelecer metas, porque esse é um dos temas mais difíceis e envolve o Ministério da Justiça e Cidadania e a Secretaria Geral da Presidência”, planeja Anielle Franco.
A ministra da Igualdade Racial destacou a importância da volta do trabalho conjunto, com a troca de ações afirmativas com o objetivo de fortalecer as políticas públicas das duas nações. “Nós temos problemas muito similares, desde o genocídio da população negra até caso de racismo que estão gritantes e, evidentemente, acontecem quase diariamente e ambos os países. Então, acho que o Japer pode fortalecer para além da parceria, fortalecer também um entendimento tanto aqui, quanto lá”.
O plano prevê apoio a talentos negros brasileiros e norte-americanos, conectando faculdades e universidades historicamente ligadas à causa negra, nos dois países. As sedes do programa no Brasil e nos Estados Unidos ainda serão escolhidas.
Cooperação internacional
O novo Ministério da Igualdade Racial tem trabalhado em agendas de articulação internacional para fortalecer o enfrentamento ao racismo e a equidade racial, no Brasil.
Em fevereiro, a ministra Anielle Franco esteve na comitiva presidencial brasileira que visitou os EUA para iniciar a retomada do Japer.
No mês passado, Anielle Franco viajou a Portugal e à Espanha, como parte do grupo que acompanhou o presidente Lula, e firmou com os dois países acordos de cooperação e investimentos em políticas públicas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial no Brasil.
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