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Brasil

Após turbulência, startups e novatas da Bolsa tentam reaproximação com investidores

Desde o final de 2021, essas empresas, muitas delas de tecnologia, estão praticamente sem acesso a capital, em meio à fuga dos investidores para ativos de menor risco globalmente.
Agência Estado -

Startups e empresas que foram levadas à Bolsa com teses inovadoras no boom das ofertas recentes, entre 2020 e 2021, estão retomando contato com investidores para contar uma nova história depois de um período de rigorosos ajustes. Desde o final de 2021, essas empresas, muitas delas de tecnologia, estão praticamente sem acesso a capital, em meio à dos investidores para ativos de menor risco globalmente.

Agora, com um cenário de política monetária estabilizado no mundo e um ambiente macroeconômico e político mais positivo se desenhando no Brasil, as sobreviventes da turbulência querem se reposicionar. A estratégia tem sido manter os investidores atuais e potenciais munidos de informações do negócio, com números que mostram que os negócios conseguiram evoluir para níveis mais rentáveis e racionais. As perdas foram intensas para os fundos com a queda do preço desses ativos em bolsa, muitos deles sobrevalorizados pela abundância de em busca de retorno.

Um exemplo disso é o Enjoei. Desde que os juros sinalizaram que subiriam de forma acelerada para mais de 8% ao ano, a empresa percebeu que teria de mudar de uma mentalidade de crescimento acelerado para um caminho de busca de rentabilidade. “Há, no Enjoei, um trabalho contínuo de avaliação de cenários para garantir a sustentabilidade do negócio sem abrir mão de nossa ambição de futuro. Temos demonstrado de forma consistente a evolução da margem bruta da empresa, o que pode ser percebido trimestre a trimestre nos nossos resultados”, diz Tiê Lima, CEO da companhia.

O Enjoei estreou na bolsa em 2020, com ações valendo R$ 9,83. No fim de 2021, porém, seus papéis eram cotados a R$ 2,85, com queda de 71%. Ao fim de 2022, o papel estava ainda mais desvalorizado, a R$ 0,97. Agora, negociado a R$ 1,30, o papel tem alta de 34% no acumulado de 2023. Para sobreviver durante esse período de aversão ao risco e falta de capital disponível no mercado, a empresa encolheu. No início deste ano, o Enjoei demitiu 5% de sua equipe e conseguiu melhorar em 78% seu Ebitda ajustado para R$ 55 milhões negativos no primeiro trimestre.

Ainda assim, Lima diz não haver necessidade urgente de uma nova injeção de capital, uma vez que não há vencimentos importantes de dívida e a posição de caixa acima de R$ 300 milhões é considerada confortável para o tamanho da companhia. É, de certa forma, momento de ter paciência e buscar provar seus fundamentos para, mais à frente, voltar a atrair investidores de longo prazo “A disponibilidade de caixa do Enjoei, nos deixa em uma posição privilegiada para um novo ciclo de crescimento, permitindo investimentos ainda mais eficientes, sem abrir mão da rentabilidade conquistada”, diz o CEO.

Agitado

O sócio do BZCP, escritório de advocacia com expertise em venture capital e tecnologia, Eduardo Zilberberg, com mais de 300 startups entre seus clientes, diz que houve um aquecimento em variados tipos de transações a partir do segundo trimestre, envolvendo fusões e aquisições e levantamento de capital, além das reorganizações.

“Houve um hiato nesse tipo de investimento. Agora, com as empresas ajustadas, o recado é que o ecossistema está tão mais saudável e o volume de atividade é maior, com fundos de visão mais fundamentalistas olhando para oportunidades”, afirma. Segundo ele, o anúncio no final de junho da aquisição da Pismo pela Visa deixou o mercado agitado.

A retomada é gradual, no entanto, e acontece em meio à necessidade das startups em captar recursos, somada à dos fundos de alocar recursos que já estão parados há algum tempo. “As decisões de investimentos levam de dois a três meses, às vezes podendo chegar a seis meses, portanto, a partir do segundo semestre, as movimentações podem aparecer nos números do mercado”, acrescenta.

Janela

Quem não fez estreia na Bolsa, mas segue com essa opção no radar, como a Wine, diz que o dinheiro ainda não voltou para companhias voltadas a crescimento de mercados emergentes, mas não vê esse movimento tão distante quanto antes. A importadora de vinhos mira uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões, podendo variar para cima no caso de oferta secundária.

A companhia tem mentalidade de startup e dois fundos de private equity (que compram participações em empresas) como acionistas: Península, do empresário Abílio Diniz e a EB Capital.

“Para empresas médias consistentes, uma janela não está tão distante. Pensar no primeiro trimestre de 2024 é possível”, diz Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine. Ele vê a empresa de hoje mais madura do que a que tentou o IPO em 2020. A operação foi ajustada para o atual patamar de juros e hoje avalia suas possibilidades para diminuir o endividamento assumido para a aquisição da Cantu. O endividamento líquido hoje é de 2 vezes o Ebitda.

No primeiro trimestre de 2023, a Wine registrou crescimento do prejuízo líquido em 37,3% em relação ao mesmo período de 2022. Esse resultado, porém, se deve, principalmente, à volta da cobrança do DIFAL. Se comparado ao resultado de um ano antes normalizado por esse efeito, verificaria-se uma redução de 59,9% do prejuízo líquido.

A volta de liquidez para investimentos em empresas desse tipo, para D’Arienzo, ofereceria à companhia os recursos necessários para ampliar sua operação no México. “Vemos ali o mesmo cenário do Brasil de cinco anos atrás para o nosso segmento”, afirma.

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