Pular para o conteúdo
Brasil

Extração bilionária de manganês ilegal leva a ‘jogo de empurra’ entre responsáveis

As imagens de centenas de caminhões e maquinário pesado agindo ilegalmente dentro de uma área de concessão mineral da Vale – áreas que a empresa nunca explorou – para retirar milhares de toneladas de manganês, trouxeram um questionamento adicional à tona: quem é, afinal de contas, o responsável por evitar o crime de proporções industriais … Continued
Agência Estado -
A rigor, o subsolo mineral é um bem da União (reprodução)

As imagens de centenas de caminhões e maquinário pesado agindo ilegalmente dentro de uma área de concessão mineral da Vale – áreas que a empresa nunca explorou – para retirar milhares de toneladas de manganês, trouxeram um questionamento adicional à tona: quem é, afinal de contas, o responsável por evitar o crime de proporções industriais como esse?

O Estadão ouviu representantes municipais, estaduais e federais ligados ao tema, além da própria Vale. Nem a empresa, nem o poder público e nem os órgãos envolvidos assumem o ônus pela atividade industrial e criminosa, e se eximem de responsabilidade de combater as ações ilegais e dar fim ao dano ambiental e à evasão de dividas.

A rigor, o subsolo mineral é um bem da União, mas que, dada a complexidade de acesso e fiscalização de outros órgãos e esferas públicas, o controle deste deveria envolver uma série de gestores, cada qual responsável pela execução de seu dever na proteção do solo.

A prefeitura de Marabá (PA), onde se concentra boa parte da extração clandestina, foi questionada sobre as atividades ilegais que, há anos, dominam seu território minerário. Por meio de nota, a prefeitura, sob gestão do prefeito Tião (PSD), limitou-se a declarar que “a exploração mineral e a sua fiscalização cabe necessariamente aos órgãos de fiscalização Estadual e Federal, já que o subsolo de todo o território brasileiro se enquadra sob jurisdição dos entes acima descritos”

O governo do declarou, por meio da Secretaria de Estado de e Sustentabilidade (Semas) do Estado, que “o minério, ou qualquer outro recurso mineral encontrado no subsolo é um bem da União, portanto, a responsabilidade sobre a fiscalização da atividade ilegal de exploração do manganês é da União”.

A partir deste posicionamento, o governo de Helder Barbalho afirmou que “cabe, prioritariamente aos órgãos federais fiscalizar a extração ilegal do minério, não isentando o papel fiscalização ambiental comum a todos os entes federados”, conforme prevê Lei Complementar 140/2011, que disciplina a competência sobre questões ambientais entre os entes federativos, fixando normas para União, Estados, e municípios.

A mineradora Vale, que detém os direitos minerários da região, procurou justificar que não é dona da terra, mas sim de títulos que lhe garantem a exploração mineral, embora a empresa detenha esses direitos há mais de 20 anos e nunca os tenha exercido, ou seja, ficou apenas com os papéis nas mãos, mas nunca fez nada na região. Hoje, com a área tomada pela extração ilegal, pretende vender esses direitos a outras empresas e, assim, escapar do imenso passivo ambiental que estas passaram a acumular.

Ao comentar as responsabilidades sobre as áreas, a Vale declarou à reportagem que “não é proprietária dessa área e sequer tem acesso ao local ou legitimidade para retirar eventuais invasores”. Por essa razão, a empresa justificou que “promoveu denúncias junto aos órgãos competentes, municiando-os das informações de que dispunha a fim de contribuir para a apuração e fechamento das atividades clandestinas”.

Já Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia responsável por conceder os títulos minerários e fiscalizar essas concessões, procurou se esquivar de sua responsabilização direta e declarou que “comunicou aos órgãos policiais e ao Ministério Público Federal sobre o fato”.

“Cabe, portanto, às forças policiais a realização de operações nesse sentido, o que tem ocorrido”, declarou a agência. Perguntada sobre os danos ambientais que se espalham por toda a região, a ANM afirmou que não tem nada a ver com isso. “Todas as questões atinentes à responsabilidade ambiental são de competência dos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente”, declarou.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

“Segurança também é direito de quem vive nas ruas”, diz representante nacional em Campo Grande

TRF-5 julgará ex-prefeito de Recife acusado de fraude na pandemia de covid-19

Com alta procura em Campo Grande, uso de canetas emagrecedoras pode trazer graves riscos à saúde

Conversão à esquerda em rotatória termina com acidente entre carro e moto no Parque dos Poderes

Notícias mais lidas agora

Juiz diz que há indícios de corrupção em contrato de R$ 59 milhões com empresa do Sigo

ex-coordenador apae

Justiça reconhece chance de fuga após aval do MPMS e mantém prisão de ex-coordenador da Apae

Grupo criminoso de São Paulo que furtou apartamento de luxo em Campo Grande é alvo de operação

Juventude AG conquista medalhas no Meeting Paralímpico de Atletismo

Últimas Notícias

Transparência

Justiça reconhece chance de fuga após aval do MPMS e mantém prisão de ex-coordenador da Apae

Acusado de desviar R$ 8 milhões, Paulo Henrique Muleta Andrade queria fugir do Brasil

Brasil

Moraes manda Itamaraty suspender passaporte diplomático de Collor

Collor foi condenado a 8 anos e 6 meses e cumpre pena em prisão domiciliar

Mundo

Trump assina ordem para reduzir preços de remédios nos EUA, mas não define porcentuais

Governo afirmou que medidas mais rígidas serão tomadas caso as farmacêuticas não aderirem às novas diretrizes

Mundo

Índia e Pasquistão vão discutir manutenção do cessar-fogo

O primeiro acordo de cessar-fogo aconteceu no último sábado, 10, com mediação do governo norte-americano