Em operação contra pesca ilegal, PF prende suspeitos de ocultar corpos de Bruno e Dom

Suspeitos são ligados a dois homens denunciados pela morte do indigenista e do jornalista

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Dom Phillips e Bruno Pereira. (Montagem: Reprodução/Redes sociais)

A PF (Polícia Federal) prendeu neste sábado (6) três suspeitos de ocultar os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, assassinados em 5 de junho na região da terra indígena do Vale do Javari, no Amazonas. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, as prisões foram durante operação contra pesca ilegal.

No total, foram cumpridos sete mandados de prisão contra um grupo que faz pesca ilegal nessa região ao oeste do Amazonas. De acordo com a PF, três deles são ligados a Amarildo Oliveira, o Pelado, denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por ter participado do assassinato de Bruno e Dom, e a Ruben Villar, o Colômbia, investigado por suposta participação no esquema de pesca ilegal.

Ambos estão presos preventivamente na capital do estado, Manaus. Pelado foi levado pelo envolvimento no duplo homicídio, enquanto a prisão de Colômbia foi por uso de documentos falsos. Com ele, os policiais encontraram identificações brasileiras, peruanas e colombianas.

A Folha procurou a defesa dos três suspeitos, que informou que ainda se inteirava sobre a operação.

Denúncia

No mês passado, o MPF apresentou à Justiça denúncia contra três suspeitos por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, tornaram-se réus na Justiça Federal em Tabatinga (AM).

O MPF argumenta que tanto Amarildo quanto Jefferson confessaram o crime. Já a participação de Oseney foi considerada após depoimentos de testemunhas. Segundo os procuradores, havia registro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena.

No documento, o órgão explica que a razão do crime teria sido o fato de Bruno pedir para Dom fotografar o barco dos acusados, motivação considerada ‘fútil’ pelo Ministério Público Federal, o que pode agravar a pena.

De acordo com a denúncia, Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas. Já Dom foi assassinado por estar acompanhando Bruno na visita ao Vale do Javari (AM). O documento mostra a reprodução de conversas e cita laudos periciais, como análise dos corpos e objetos encontrados durante as investigações.

Bruno e Dom

O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram assassinados na manhã de 5 de junho, domingo, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e o município de Atalaia do Norte, no Amazonas.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia.

Já o jornalista estrangeiro, colaborador do jornal The Guardian e de outros veículos da imprensa internacional, acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever sobre a preservação da Amazônia.

No início de julho, a Polícia Federal (PF) prendeu Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, citado em meio às investigações do assassinato de Bruno e Dom. Ele é apontado como financiador da pesca ilegal na região e tem ligação com Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado.

Colômbia não foi incluído na denúncia do Ministério Público, acatada na quinta-feira pela Justiça Federal no Amazonas. Ele foi preso por outra razão. As autoridades ainda avaliam se houve um mandante para o crime e sua eventual vinculação ao caso.

Após ter comparecido espontaneamente à sede da corporação em Tabatinga a fim de prestar esclarecimentos sobre o assassinato da dupla, ele foi preso por porte ilegal de documento. Colômbia negou participação no crime, mas segue preso pela PF até que sua identidade seja verificada, e porque a polícia teme que ele fuja do País.

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