Em depoimento à PF, Bolsonaro nega interferência política à corporação

O presidente negou que as motivações para a troca do comando da PF foram por questões políticas

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O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) negou à Polícia Federal na noite desta quarta-feira (3) que a demissão do diretor-geral Maurício Valeixo e de outros parlamentares se deu por interferência política.
 Segundo informações do site O Globo, Bolsonaro prestou depoimento na noite de quarta-feira à Polícia Federal e negou ter interferido politicamente na corporação. Bolsonaro alegou que demitiu o diretor-geral Maurício Valeixo por falta de interlocução com ele e que a troca de comando da PF não foi por interferência política. O depoimento ocorreu no Palácio do Planalto.
Ao ser questionado sobre os motivos pelos quais pediu a Moro que trocasse o então diretor-geral da PF, Bolsonaro respondeu que fez a solicitação ” em razão da falta de interlocução que havia entre o Presidente da República e o Diretor da Polícia Federal”, e que “não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança com o trabalho realizado “por Valeixo, “apenas uma falia de interlocução”.
Bolsonaro confirmou que sugeriu ao ex-ministro da Justiça a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, e que sugeriu o nome do chefe da Abin “em razão da sua competência e confiança construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante durante a campanha eleitoral de 2018”.
O presidente disse ainda que Moro teria concordado com a nomeação de Ramagem, desde que ocorresse após a sua indicação do a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Segundo Bolsonaro, “nunca teve como intenção, com a alteração da Direção Geral, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obtenção diretamente de relatórios produzidos pela Polícia Federal”.
Indagado sobre o que quis dizer quando disse “eu tenho a PF que não me dá informações”, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, Bolsonaro afirmou à PF que quis dizer que “não obtinha informações de forma ágil e eficiente dos órgãos do Poder Executivo, assim como da própria Polícia Federal”. E ainda declarou que quando disse “informações” se referia a relatórios de inteligência sobre fatos que necessitava para a tomada de decisões e “nunca informações sigilosas sobre investigações”.
O presidente negou que as motivações para a troca do comando da PF estariam ligadas ao fato de precisar “de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência”, mas que se incomodava com o fato de “muitas informações relevantes para a sua gestão chegavam primeiro através da imprensa, quando deveriam chegar ao seu conhecimento por meio do Serviço de Inteligência”.
O inquérito
O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e foi aberto em abril de 2020 após acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
A abertura do inquérito foi autorizada em abril de 2020 pelo ministro Celso de Mello. O magistrado entendeu que os crimes supostamente praticados por Bolsonaro, conforme narrado por Moro, podem ser conexos ao exercício do mandato presidencial. O então relator também entendeu que o depoimento de Bolsonaro deveria ser realizado presencialmente.
No início de outubro, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou o inquérito por mais 90 dias. A ampliação do prazo, que ocorreu pela quarta vez, permitiu a Moraes continuar as diligências do caso.
No último dia 7, o ministro determinou que a Polícia Federal tomasse o depoimento do presidente em um prazo de até 30 dias. A ordem de Moraes foi proferida um dia depois que a defesa do presidente protocolou um pedido ao Supremo concordando com prestar depoimento pessoalmente. A Corte julgaria se Bolsonaro deveria ser ouvido por escrito ou pessoalmente, mas a Advocacia-Geral da União (AGU) se antecipou ao julgamento e apresentou o pedido horas antes.

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