Internet no campo pode elevar produção agropecuária em até R$ 100 bilhões
Com apenas 23% da área rural coberta com sinal de internet móvel, o Brasil poderia ampliar o valor da produção agrícola em até R$ 100 bilhões com a ampliação do sinal de telefonia. A estimativa consta de estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) divulgado, hoje (19), […]
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Com apenas 23% da área rural coberta com sinal de internet móvel, o Brasil poderia ampliar o valor da produção agrícola em até R$ 100 bilhões com a ampliação do sinal de telefonia. A estimativa consta de estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) divulgado, hoje (19), pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
O estudo apresentou projeções de aumento do Valor Bruto da Produção (VBP) em dois cenários de ampliação de cobertura do sinal móvel de internet (2G, 3G e 4G) até 2026. O impacto positivo corresponderia a R$ 47,56 bilhões, no caso de ampliação da cobertura das áreas rurais de 23% para 48%, e a R$ 101,47 bilhões, num eventual aumento para 90%. Atualmente, o VPB está em R$ 1,057 trilhão.
O primeiro cenário contempla a modernização das 4,4 mil torres de telefonia celular existentes no país. O segundo considera a instalação de 15.182 novas torres em todo o território nacional.
Projeto
Em parceria com o Ministério das Comunicações, o Ministério da Agricultura promove um projeto de conexão de 156 comunidades e assentamentos rurais de 134 municípios à internet banda larga distribuída por satélites. As localidades ficam em 10 estados, principalmente no Norte e no Nordeste, sem cabos de fibra óptica ou antenas.
Entre os usos potenciais da banda larga, está a realização de cursos de capacitação online e prestação de assistência técnica remota, além da educação a distância de produtores e trabalhadores do campo. “Nosso produtor rural demanda tecnologia e está apto para continuar recebendo mais inovação. A conectividade promove o avanço tecnológico no campo. E também promove uma aproximação real do meio rural com os grandes centros urbanos”, disse a ministra Tereza Cristina na apresentação das ações da pasta para a área.
A conexão com a internet via satélite depende da instalação de receptores nessas localidades, que retransmitem o sinal sem fio às comunidades. Até agora, segundo o Ministério da Agricultura, 51 pontos de conectividade foram instalados em assentamentos nos estados de Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba e Sergipe. A definição das comunidades considera o índice de desenvolvimento humano (IDH) e a densidade populacional.
O Ministério da Agricultura apresentou outra sugestão para ampliar a cobertura de internet no campo. As empresas operadoras de rede de internet poderiam ocupar espaços ociosos no espectro de radiodifusão e fornecer internet por meio de ondas semelhantes às de rádio e televisão.
O aproveitamento dos espaços ociosos no espectro tem largura de banda suficiente apenas para envios de mensagens de texto e de voz por aplicativos ou redes sociais. A tecnologia, no entanto, depende de regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Desde maio de 2020, a proposta está em consulta pública na agência.
Rede 5G
Os ministérios da Agricultura e das Comunicações apresentaram um terceiro cenário para a ampliação da cobertura de internet no campo. Por meio da tecnologia 5G, cujo leilão está previsto para o segundo semestre, a agricultura digital pode virar realidade, com a conexão entre objetos e organismos biológicos. Sensores instalados em solos, plantas e animais podem capturar dados em tempo real e enviá-los a plataformas e sistemas que ajudem o produtor a tomar decisões.
Segundo o Ministério das Comunicações, 20 projetos-pilotos de internet 4G e futuramente 5G estão sendo implementados pela pasta, dos quais sete em áreas rurais. O primeiro foi inaugurado em Rondonópolis (MT), no dia 11. As demais instalações estão previstas para as seguintes localidades: Padef (DF), Londrina (PR), Uberaba (MG), Ponta Porã (MS), Rio Verde (GO), Petrolina (PE) e Bebedouro (SP).
“Temos uma sinergia muito grande para um trabalho conjunto. Durante muito tempo o agro funcionou com pouca tecnologia de forma pujante. Com a chegada do 5G, vamos poder realmente mostrar o poder do agro. Temos a necessidade de implementação dessa tecnologia para universalizar a cobertura móvel na área rural”, declarou o ministro Fábio Faria na apresentação do estudo.
Universalização
Antes mesmo da instalação do 5G, as empresas que disputarão o leilão deverão garantir, como contrapartida, a conectividade 4G para localidades com até 600 habitantes e para as principais rodovias do país. Comunidades rurais próximas de centros urbanos podem ser atendidas com a ampliação da rede de fibra óptica.
Para melhorar algumas infraestruturas de comunicação, o Ministério da Agricultura pretende participar do comitê gestor do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que fornece linhas de crédito para esses projetos. A entrada da pasta no comitê do Fust depende de regulamentação via decreto.
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