Dólar fecha a quinta com alta de 0,39% cotado a R$ 5,31

O câmbio passou boa parte do tempo ao largo do nervosismo que tomou conta dos demais mercados na tarde desta quinta-feira, à medida que as bolsas americanas pioravam, após o partido democrata barrar nova proposta dos republicanos. A sinalização, segundo o New York Times, é a de que um acordo para um novo pacote fiscal está […]

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O câmbio passou boa parte do tempo ao largo do nervosismo que tomou conta dos demais mercados na tarde desta quinta-feira, à medida que as bolsas americanas pioravam, após o partido democrata barrar nova proposta dos republicanos. A sinalização, segundo o New York Times, é a de que um acordo para um novo pacote fiscal está cada vez mais distante. Nesse ambiente, o dólar firmou alta no exterior e, no mercado doméstico, passou a subir na reta final dos negócios, mas em ritmo moderado, em sessão marcada pelo crescimento maior que o esperado nas vendas no varejo e várias captações de empresas, com Embraer, Suzano e PetroRio emitindo no exterior e a varejista de produtos para animais de estimação Petz no mercado de ações.

No noticiário doméstico, profissionais das mesas de câmbio destacam que incertezas sobre as contas fiscais e do compromisso do governo com a agenda liberal, em meio às discussões sobre interferência do Planalto no preço do arroz, estão entre os fatores monitorados pelas mesas de câmbio nesta quinta.

Após cair para a mínima diária de R$ 5,26 nos negócios da manhã, o dólar à vista fechou em R$ 5,3188, com alta de 0,39%. No mercado futuro, o dólar com liquidação para outubro era negociado em alta de 0,19%, em R$ 5,3210 às 17 horas.

De acordo com o CEO da BGC Liquidez, Erminio Lucci, após chegar perto dos R$ 5,60 em meados de agosto, a volatilidade do câmbio caiu nos últimos dias e o dólar tem se estabilizado na casa dos R$ 5,30. “O câmbio já precificou muita notícia ruim”, diz ele, citando entre os fatores o baixo crescimento este ano, o aumento de gastos com o auxílio emergencial e o fiscal deteriorado este ano e em 2021.

Para o real se fortalecer, seria preciso, por exemplo, a melhora dos indicadores da economia mundial e doméstica, assumindo que o governo mantenha seu compromisso fiscal, ressalta.

“Ao sinalizar que vai investigar o reajuste no preço do arroz, automaticamente, o mercado questiona sobre a agenda liberal”, ressalta a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, sobre uma eventual interferência de Jair Bolsonaro no preço do alimento. “Começa a se materializar uma pegada protecionista, que ganhou coro com o presidente Bolsonaro tomando gosto por medidas populistas por causa da melhora que teve na sua popularidade devido ao pagamento do auxílio emergencial.”

De acordo com Fernanda, qualquer mínimo sinal que represente um risco à agenda liberal do governo, considerando a atual situação fiscal do País, tende a pesar no mercado. Apesar de o dólar ter cedido nas últimas semanas, ela lembra que o dólar em um patamar de R$ 5,30 é “bem alto”.

Em meio às incertezas domésticas, a moeda brasileira apresenta um dos piores desempenhos entre as divisas de países emergentes desde o início de junho, destacam os estrategistas de moedas do banco americano Citi. Mesmo com as condições globais em trajetória de melhora, com os preços das commodities no nível mais alto desde março deste ano – quando a pandemia chacoalhou os mercados – e um dólar mais fraco, pesa a preocupação com a questão fiscal no Brasil. O Citi estima o câmbio em R$ 5,40 no curto prazo, até três meses. Para o médio prazo, de seis meses a um ano, espera cotação de R$ 5,35.

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