Contaminado por covid-19, Bolsonaro exibe caixa de cloroquina a emas do Alvorada

Contaminado pelo novo coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) foi flagrado exibindo uma caixa de hidroxicloroquina – medicamento usado no tratamento da malária e do lúpus – a emas durante seu isolamento no Palácio da Alvorada, em Brasília. A imagem foi registrada pelo repórter fotográfico Sérgio Lima, do Poder360, nessa quinta-feira (23). […]

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Contaminado pelo novo coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) foi flagrado exibindo uma caixa de hidroxicloroquina – medicamento usado no tratamento da malária e do lúpus – a emas durante seu isolamento no Palácio da Alvorada, em Brasília. A imagem foi registrada pelo repórter fotográfico Sérgio Lima, do Poder360, nessa quinta-feira (23).

Apesar de não haver estudos conclusivos sobre a eficácia da cloroquina no tratamento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus, Bolsonaro tem defendido fervorosamente o uso da substância para tais fins desde o início da pandemia, quando pesquisas apontavam, inclusive, que o medicamento pode aumentar a mortalidade de pacientes com covid-19.

As aves têm feito companhia para o presidente durante o isolamento. Imagens do presidente sendo bicado por uma delas enquanto as alimentava também viralizaram na internet. E não foi só para as aves do Alvorada que Bolsonaro exibiu o medicamento nesta semana. No domingo, ele chegou a levantar a caixa do remédio para seus apoiadores da porta do Palácio em que está isolado há duas semanas. Ele também disse, nas redes sociais que está tomando o medicamento para tratar a doença e se sente bem.

Protocolo

A pressão de Bolsonaro para que o Ministério da Saúde disponibilizasse um protocolo orientando o uso do mediamento contra o coronavírus resultou no desligamento do ex-ministro da Saúde, o sul-mato-grossense Luiz Henrique Mandetta, em abril. Ele se recusou a assinar o documento diante da falta de fundamentação científica. Como resultado, temos um militar, o general Eduardo Pazuello, como ministro da Saúde, após breve passagem do médico Nelson Teich, que também divergiu com o presidente sobre políticas de isolamento social durante a pandemia.

Desde então, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército brasileiro já produziu pelo menos 3 milhões de comprimidos de cloroquina 150 mg, de acordo com informações do próprio Ministério da Defesa. O uso no tratamento para pacientes em estado inicial de covid-19 também foi protocolado.

Repercussão nos EUA

Bolsonaro não é o único mandatário a fazer propaganda do polêmico medicamento. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também tem defendido fervorosamente o uso da substância, levantando suspeitas na imprensa americana, em decorrência das ações que seus assessores detêm na empresa francesa Sandofi – que produz o medicamento. Trump chegou a dizer que está tomando a cloroquina para evitar ser contaminado pelo novo vírus – o que não tem fundamento científico algum.

A deputada Deb Haaland, do partido democrata, tenta buscar apoio dentro da Câmara para esvaziar a designação dada pelo governo Trump ao Brasil de aliado preferencial fora da OTAN – a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Ela planeja propor nas próximas semanas uma emenda à lei de orçamento de defesa americana para bloquear eventuais recursos de defesa que possam estar envolvidos na parceria com o governo Bolsonaro.

Ela argumenta, em entrevista concedida ao Estadão, que Bolsonaro está deixando “embaçada” a linha de separação entre a parte civil de seu governo e os militares, o que colocaria o Brasil “de volta para a direção de uma ordem militar”. “Mesmo depois de ter sido diagnosticado com covid-19, Bolsonaro falha em levar o vírus a sério. É um ataque aos direitos humanos Os EUA não deveriam se alinhar com um líder que coloca sua população em risco, destrói o meio ambiente e viola os direitos humanos”, afirmou Haaland.

 

 

 

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