O debate político sobre a possibilidade de legalização dos jogos de cassino não para. Ainda que os sinais do governo Bolsonaro sejam muito discretos sobre essa possibilidade, tem diversos lobbies, de vários setores, forçando uma mudança que será histórica, no entendimento que o Brasil tem sobre o jogo. Até o momento só é possível acessar plataformas de cassino online com sua sede em um país estrangeiro, como podem ser encontradas no cassinosbrazil.com.br e em outros sites da especialidade. Mas tem um nome muito importante atuando “na sombra” favorável à legalização – na sombra ou nem tanto, pois sua posição é bem pública e notória. E é uma personalidade que reflete bem o paradoxo da questão do jogo.

Sheldon Adelson, o amigo de Trump

O El País lançou recentemente um artigo sobre a vida e obra deste empresário americano de 86 anos. Tudo começa com o fato de ele ser o maior empresário do mundo na área dos cassinos, fazendo parte da lista dos 25 homens mais ricos do mundo da Forbes. Muito mais poderia ser falado sobre uma história de vida fascinante, mas o caminho para compreender seu interesse no Brasil começa aqui.

Casado com Miriam Adelson, médica de 73 anos há muito envolvida em filantropia e ativismo favorável a Israel, Sheldon foi o maior doador da campanha presidencial de Donald Trump. Ao contrário do que por vezes se fala sobre doações em campanhas, nos o processo é relativamente transparente. Adelson nunca escondeu suas simpatias republicanas, pelo contrário, e o alinhamento ideológico entre ele e o atual presidente é bastante fácil de entender. O apoio do presidente Trump a Israel, que incluiu a transferência da embaixada para Jerusalém, se insere nesse entendimento – ainda que o magnata se tenha oferecido, segundo o El País, para financiar esse procedimento de transferência da embaixada.

O Brasil, um mercado a explorar

Para um empresário com a riqueza, o sucesso e o conhecimento do mercado que Adelson tem, é fácil de imaginar como ele vê o Brasil: um imenso território a conquistar, que nem Cabral. Nesse cenário, os pobres indígenas, prontos a sofrer a invasão, são representados pelo movimento Brasil Sem Azar e por todos os que são contra a liberação. O potencial de um mercado inexplorado de mais de 200 milhões de habitantes não poderia lhe escapar.

Daí vem também a amizade com Marcelo Crivella, que por mais de uma vez falou alto e bom som que o precisa de um grande cassino resort, do jeito que Adelson está pronto a construir.

A ideologia e os negócios

Acaba sendo um tanto irônico que o maior promotor financeiro da liberação da jogatina no Brasil seja também um dos maiores apoiantes de grupos evangélicos na América Latina, como o El País também fala. Quando sua iniciativa política encontra precisamente resistência na bancada evangélica e nos setores mais conservadores da sociedade brasileira.

Não será que o Brasil acabará tirando a mesma conclusão de Crivella, e arrumar um jeito de conciliar a fé com a liberdade para entrar em um cassino?