O ex-procurador Geral da República chegou com 20 minutos de atraso para o lançamento de seu livro “Nada Menos Que Tudo”. Cercado por seguranças, desceu de uma caminhonete preta com vidros escuros, se recusou a responder perguntas dos jornalistas que aguardavam desde ante das 18 horas.

O livro de Janot promete revelações sobre grandes nomes da política brasileira. Mas poucas pessoas se dirigiram à livraria, que tinha mais jornalistas que clientes, apesar da expectativa de uma movimentação grande. Nenhuma autoridade compareceu para a prestigiar aquele que um dia ficou famoso por ter criado a “Lista do Janot”, com mais de 100 políticos que, supostamente, receberam propinas de empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

“Hoje só falo do livro”, disse ao ser questionado na chegada sobre o porquê de ter afirmado ao Estadão, no último dia 26 de setembro, que esteve perto de matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) num dia que, depois se confirmou, ele nem estava em .

Em maio de 2017, quando chefiava Ministério Público Federal (MPF), Janot pediu o impedimento do ministro Gilmar Mendes na análise de um habeas corpus de Eike Batista sob o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.

Ao se defender em ofício, Gilmar Mendes, à época presidente do STF, afirmou que a filha de Janot – Letícia Ladeira Monteiro de Barros – advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, a filha do ex-PGR poderia na época “ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato”.

“Foi logo depois que eu apresentei a sessão (…) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal… e aí eu saí do sério”, afirmou o ex-procurador-geral em entrevista recente à reportagem do Estadão/Broadcast Político.

A revelação de Janot fez com que o ministro do STF determinasse, no dia 27 do mês passado, que ele não se aproximasse a menos de 200 metros de membros da Suprema Corte.

Ironicamente, nesta noite de segunda-feira, Janot e Gilmar Mendes devem ficar separados por um tempo por uma distância de cerca de 6,3 quilômetros. Enquanto o ex-PGR autografa seus livros, o ministro se prepara para dar entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.