A versão mais recente do “Mapa da Fome” trouxe resultados alarmantes para o Brasil. O relatório anual é produzido pela Organização da Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), uma agência da ONU voltada para o combate à fome e à má nutrição em todo o mundo. O relatório destaca países em que 5% da população ou mais não têm condições de consumir uma quantidade mínima diária de calorias para serem consideradas pessoas saudavelmente alimentadas.

Desde o começo da década de 1990, o Brasil vinha lutando fortemente contra esse fenômeno e reduzindo, ano após ano, essa taxa. Em 2014 o país conseguiu chegar a uma taxa de menos de 5% da população em situação de subnutrição. Por isso, foi finalmente retirado do Mapa da Fome da ONU. Essa queda constante foi interrompida em 2017, ano em que a fome e a desnutrição no Brasil voltaram a crescer. Graças ao trabalho desenvolvido na última década, o indicativo ainda não ultrapassou os 3%.

Estudiosos de regiões mais vulneráveis e especialistas em alimentação já preveem um crescimento expressivo desse número, graças à intermitente crise econômica pela qual passa o Brasil. Como em outros tempos, a população que mais sofre é a do semiárido brasileiro. Enquanto alguns argumentam que a seca e a estiagem é que são as responsáveis pela situação, acadêmicos apontam que o real problema é a ausência do poder público e falta de investimentos na região.

Durante muitos anos, os governos criaram diversas iniciativas inócuas para o problema da fome e da seca no semiárido nordestino. Somente nos últimos vinte anos é que soluções mais efetivas começaram a aparecer, como investimentos para o acesso democrático à água e aos alimentos na região. Sendo a seca um problema natural, que não pode ser eliminado, cabe ao poder público seguir com políticas que ajudem as famílias da região a contornarem o problema, criando soluções condizentes com a sua realidade.

A aposentadoria rural, a valorização do salário mínimo, o Bolsa Família, o acesso às escolas e creches e também às sementes, além do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), foram outros pontos vitais para a melhora da condição de vida da população do semiárido no nordeste brasileiro. Com a crescente escassez de recursos na união e o desemprego, manter essas políticas se torna um dos principais desafios do novo governo do país.

Além disso, a utilização de recursos naturais pode ajudar nessa batalha. Altamente nutritivos, os chamados superalimentos podem ser cultivados em grande escala com o apoio do governo, ajudando a reduzir a fome em regiões mais vulneráveis do país.

Principais causas da desnutrição

Recorrente em regiões mais pobres do Brasil e do mundo, a desnutrição tem causas variadas, fisicamente falando. Ela ocorre principalmente em crianças e idosos, ocasionada por uma carência de nutrientes vitais para a saúde de uma pessoa. Isso ocorre quando a pessoa possui uma dieta inadequada ou algum outro problema que atrapalha a absorção de nutrientes.

Transtornos alimentares, Doença de Crohn e outras relacionadas ao aparelho digestório, problemas de saúde mental, como a depressão e a esquizofrenia, o câncer e algumas doenças hepáticas, são alguns desses problemas que levam à desnutrição. A OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que a desnutrição contribui para um terço das mortes no planeta. Infelizmente, a falta de alimentação adequada é um grande problema mundial, o que faz com que a desnutrição ainda seja uma grande causadora de mortes.

Armas para o combate à desnutrição

Extinguir a fome no mundo alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável são ações que resumem o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 2, feito pelas Nações Unidas em 2015 com o objetivo de proporcionar dignidade a todos os seres humanos até 2030, de acordo com a nova agenda de desenvolvimento sustentável global.

A agricultura é a maior empregadora única no mundo, provendo meios de vida para 40% da população global atual. Ainda de acordo com a ONU, ela é a maior fonte de renda e trabalho para famílias pobres rurais. Dessa forma, investir em pequenos agricultores é a maneira mais importante e sustentável estancar o aumento da miséria e da fome em zonas de risco, aumentando a segurança alimentar e a nutrição para os mais pobres, bem como a produção de alimentos para mercados locais e globais.

O fomento do cultivo de alimentos de alto valor nutricional também aparece como uma alternativa sustentável de erradicação da fome e da desnutrição. Vegetais como cactos comestíveis e até árvores como a moringa que tem alto valor nutricional, são resistentes a longos períodos de estiagem, são ricas em proteína, cálcio e ferro e podem suprir o déficit de vitaminas nas populações mais vulneráveis.