Doleiros levavam até R$ 500 mil dentro de meias elásticas, diz delator
O dinheiro da propina circulava aos milhões e era levado por doleiros até em meias elásticas de salas consideradas caixas-fortes para clientes no Rio de Janeiro. A revelação é do doleiro Cláudio Barbosa, conhecido como Tony, que depôs hoje (26) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, em inquérito decorrente da Operação Eficiência, […]
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O dinheiro da propina circulava aos milhões e era levado por doleiros até em meias elásticas de salas consideradas caixas-fortes para clientes no Rio de Janeiro. A revelação é do doleiro Cláudio Barbosa, conhecido como Tony, que depôs hoje (26) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, em inquérito decorrente da Operação Eficiência, um desdobramento da Operação Lava Jato.
“Os portadores carregam dinheiro na perna. Eles não carregam em mochila. Eles têm essas meias Lupo, põem para cima, e ali cabe R$ 250 mil em cada perna, em notas de R$ 100 e R$ 50. Então ele sai andando normalmente, não chama atenção. Não está com uma mochila nem com uma mala. Um segurança ia ao lado e outro atrás. Isso são procedimentos normais”, disse Tony.
Tony e o também doleiro Vinícius Claret, mais conhecido pelo apelido Juca Bala, foram ouvidos pela primeira vez por Bretas. Ambos são brasileiros mas residiam há anos no Uruguai, trabalhando diretamente com Dario Messer, conhecido como o reis dos doleiros, com atuação no Brasil, Uruguai e Paraguai, a quem os demais doleiros, incluindo os irmãos Renato e Marcelo Chebar, recorriam para transferências mais altas. Os dois são réus colaboradores e terão suas sentenças proferidas nos próximos dias pelo titular da 7ª Vara.
Juca Bala respondeu a questionamento de Bretas, sobre se ele tinha dúvida de que os valores que transacionava tinham origem ilegal. O doleiro respondeu claramente que não. “A maioria de movimentos que tínhamos era dinheiro de campanhas”. Ele disse ainda que grande parte dos recursos que girava vinham da Odebrecht. “Eles começaram pequenos, mas depois aumentaram muito com o governo do PT, em uma escala muito grande”.
Banco para facilitar negócios
Antes dos doleiros, falou o operador financeiro Enrico Machado, sócio de Dario Messer no banco EVG, criado para facilitar os negócios de compra e venda de moedas, servindo principalmente aos doleiros que precisavam remeter ou receber recursos de um país para outro. Machado confirmou ao juiz que Messer, atualmente foragido, tem empresas no Panamá, Paraguai, Uruguai e Brasil.
“Existem quatro empresas imobiliárias em nome dele aqui no Brasil. Ele tem duas empresas no Paraguai. As empresas imobiliárias brasileiras têm contrapartes paraguaias, que têm contrapartes panamenhas e BVI [Ilhas Virgens Britânicas, em português]”, disse Enrico.
Também foram interrogados os irmãos Chebar e a diretora comercial da joalheria H. Stern, Maria Luiz Trota. Ela reafirmou que negociou um total de R$ 6 milhões, em 20 vendas de joias, ao ex-governador Sérgio Cabral e à ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.
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