Reunião com presidente contou com seis dos sete representantes do partido na esplanada 

Os ministros do PMDB sinalizaram à presidente Dilma Rousseff que será muito difícil permanecer no governo caso o partido aprove a saída da base aliada nesta terça-feira (29). A avaliação foi feita durante uma reunião no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (28), na qual compareceram seis dos sete representantes do partido na Esplanada.

Dois ministros ouvidos pelo Jornal Estado falaram que eles vão anunciar uma decisão conjunta depois que a decisão do partido for formalizada. Mesmo aqueles que resistem à ideia de abandonar o cargo reconheceram que ficar no governo será muito difícil se o PMDB realmente optar por deixar a base aliada.

Um deles classificou como um “banho de água fria” a decisão do PMDB do Rio de abandonar Dilma anunciada na semana passada.

Antes da reunião com a presidente, o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) teve um encontro com o vice-presidente Michel Temer. Ele tentou, num último apelo, convencer o vice, que é presidente nacional da legenda, a adiar a reunião.

A data, no entanto, está mantida. Segundo um aliado do peemedebista, a legenda vai dar um prazo maior, provavelmente até o dia 12 de abril, para que os ministros consigam se organizar e entregar seus cargos.

Além de Braga, compareceram ao encontro Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Portos), Mauro Lopes (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Álvares (Turismo).

Segundo a assessoria da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ela não veio ao encontro por causa da morte de uma amiga. Kátia é uma das maiores apoiadoras de Dilma e, nos últimos dias, aumentou os rumores de que ela poderia trocar de partido para permanecer no governo.

Diante da debandada do PMDB, a estratégia do governo vai ser atuar no varejo para conquistar o maior número de deputados possível.

A ideia é entregar os cargos que estavam com o partido para outras legendas que garantirem votos contra o impeachment. Hoje, o cálculo do Planalto é que o governo não tem os 171 nomes necessários para barrar o processo na Câmara e que seria muito difícil paralisá-lo no Senado.

Para auxiliares palacianos, diante da perspectiva de que a comissão que analisa o impeachment vai terminar seus trabalhos em meados de abril, a permanência ou não de Dilma na Presidência vai depender dos acordos que serão fechados nos próximos 15 dias.