Presidente falou em coletiva sobre aprovação do processo de impeachment

Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (18), a presidente Dilma Roussef disse que se sente injustiçada, falou sobre traição do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e revelou que quem votou a favor do impeachment está automaticamente fora do seu governo. As falas foram em resposta ao processo de impeachment aprovado ontem (17) na Câmara dos Deputados e que agora segue para o Senado.

“Quero sobretudo ressaltar meu sentimento de injustiça. Considero que todo este processo não tem base de sustentação. O que sustentam sempre ocorreu em outros governos. Me acusam de modo absurdo como é acusar alguém que não cometeu crime. Assisti toda intervenção ontem e em momento algum ouvi uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é o único meio que têm de julgar um presidente neste país. A Constituição estipula a existência de crime e isso não ocorreu”, iniciou o discurso.

Em seguida, a presidente frisou inocência e afirmou que todas as ações praticadas por ela são inerentes ao cargo de presidente. “A mim suscitam tratamento que não deram a nenhum outro presidente. Insisto que não há crime. Não há contra mim desvio de dinheiro, ou enriquecimento ilícito. Falam de atos praticados por todo presidente no exercício da sua função”. A presidente complementou dizendo que os crimes citados (desvio de dinheiro e enriquecimento ilícito), diferente do caso dela, são acusações a qual Eduardo Cunha, quem presidiu o processo de impeachment, responde na Justiça.

A presidente afirmou ainda que não irá desistir do cargo e que irá lutar até o fim do processo. “Tenho ânimo, força e coragem. Apesar do sentimento de injustiça, não vou me abater. Não vão me paralisar”. Ao longo do discurso, Dilma fez breve menção a Michel Temer, seu sucessor em caso de impeachment. “’É estarrecedor, um vice-presidente, que ao longo do seu mandato, conspirou abertamente contra seu presidente. As pessoas não gostam de traidores, pois sabem da dor da traição” , disse.

Após isso, Dilma dez comparativos do processo de impeachment com os tempos da ditadura, falou da tortura física que sofreu na adolescência e finalizou falando de Lula e de reformulação na forma de governar.

“Lula tem me ajudado muito neste processo. Se na próxima quarta-feira (20) for autorizada a posse dele na Casa Civil, certamente ele virá. Trabalhamos juntos diuturnamente por vários anos e sei da capacidade de contribuição”. Sobre continuar na presidência, comentou que irá “rearranjar o governo” e buscar um “novo caminho”.

Processo no Senado

Com 367 favoráveis, os deputados federais aprovaram o pedido de impeachment contra Dilma. Eram necessários apenas 342 votos para aprovação do processo que pode resultar na cassação da presidente e tornar chefe da República, Michel Temer (PMDB-SP).

Em um primeiro momento, os parlamentares irão definir se instauram ou não o processo autorizado pela Câmara. Para que o impeachment avance, serão necessários os votos de ao menos 41 dos 81 senadores.

Caso aprovado no senado, a presidente Dilma ficará afastada e terá os rendimentos cortados pela metade por até 180 dias, enquanto o julgamento final do Senado não é realizado.

Por fim, os senadores decidirão se Dilma é culpada ou inocente das acusações de crime de responsabilidade. Nesta etapa, são necessários os votos de no mínimo dois terços da Casa, ou seja, 54 senadores para que Dilma perca definitivamente o mandato. Neste caso, o vice ocupa o cargo até o fim do mandato e a presidente fica inelegível por oito anos.

Se o impeachment não receber os votos necessários, a presidente é absolvida e retoma suas funções.