Deputados ‘presenteariam’ Cunha por condução das votações de domingo

Um grupo de deputados favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) tem se articulado para analisar a possibilidade de uma espécie de ‘anistia’ ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como forma de agradecimento à condução do processo de afastamento de Dilma.

Segundo o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que declara haver um consentimento de que Cunha teria sido fundamental para o resultado, a “grande maioria dos votos à favor da cassação” é favorável a ignorar as denúncias contra Cunha, réu em processos por lavagem de dinheiro e falso testemunho ao Congresso.

O presidente da Câmara, que responde no STF (Supremo Tribunal Federal) por um processo envolvendo o recebimento de US$ 5 milhões de propina de lobista de um estaleiro que tinha contrato de US$ 1,2 bilhão com a Petrobras, seria “agraciado” com votações contra sua cassação, no processo conduzido pelo Conselho de Ética.

De acordo com Serraglio, haveria uma espécie de esquecimento das acusações que caem contra Cunha. “Acho que daqui a um mês, dois meses, ninguém vai querer saber de mais nada”, declarou o parlamentar. Para Paulinho da Força (SD-SP), sem o presidente da Câmara “não teria o impeachment”, e os deputados a favor do impedimento de Dilma estariam vendo “com a maior simpatia” a possibilidade de blindar Cunha.

O deputado Milton Monti (PR-SP) avalia negativamente a possibilidade. Para ele, a pressão dos grupos que pediram a saída de Dilma recairia sobre Cunha em um eventual processo. “Isso não melhora a situação do Cunha”, disse a respeito da condução das votações.