Senado aprova novo mandato para Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República

Nome recebeu 59 votos favoráveis no plenário, 18 além do necessário

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Nome recebeu 59 votos favoráveis no plenário, 18 além do necessário

Depois de mais de dez horas de sabatina, o Senado aprovou o nome de Rodrigo Janot para mais um mandato à frente da Procuradoria-Geral da República. Janot ficou frente a frente com os senadores investigados na Operação Lava Jato.

Nesta quarta-feira (26) os seguranças do Senado ficaram tensos com o clima. Afinal dez dos investigados na Operação Lava Jato foram pessoalmente ouvir, confrontar e encarar o procurador Rodrigo Janot. Ele negou um acordão para favorecer aliados do governo e também disse que não divulgou informações específicas de investigados.

A votação em plenário foi rápida e tranquila. Em menos de dez minutos os senadores aprovaram a recondução de Rodrigo Janot como procurador-geral da Republica por mais dois anos. Ele teve 59 votos favoráveis, 18 além do mínimo necessário. Foram doze contra e uma abstenção.

Mas o que a gente viu aqui em plenário foi bem diferente do que aconteceu mais cedo, lá na Comissão de Constituição e Justiça. Rodrigo Janot passou pela sabatina e ficou mais de 10 horas respondendo às perguntas de senadores.

Rodrigo Janot não teve nem direito a almoço. Entre 10h e 20h30 fez algumas paradas rápidas, de cinco minutos, para ir ao banheiro. Foi só isso. Diante de dez dos treze senadores investigados na Operação Lava Jato, o procurador disse que o país vive um momento em que fatos graves são apurados e negou a existência de um suposto acordão com o governo e políticos: “Ainda que eu quisesse fazer um acordo desse, eu teria que combinar com os russos. Eu tenho assim, são 20 colegas que trabalham nesse, nessa questão, e mais um grupo de delegados muito preparados e muito profissionais da Polícia Federal”, disse o procurador.

O senador Fernando Collor, do PTB-AL, levantou suspeitas e fez acusações contra o procurador. Collor foi denunciado por Janot por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Janot deu um recado: “Pau que dá em Chico, dá em Francisco transmite à sociedade um recado essencial de igualdade, de republicanismo, de isenção de privilégios, de impessoalidade e antes de tudo de funcionamento regular do Estado.”

No momento mais tenso, o senador Collor acusou Janot de divulgar extraoficialmente e de forma seletiva informações sobre a Operação Lava Jato: “Nós estamos aqui diante de um catedrático. Em vazar informações. Vazar informações que correm sob segredo de Justiça e violar segredo de Justiça é crime previsto no Código Penal”, acusou o senador.

Janot disse que nunca fez divulgação seletiva de informações ou de nomes de investigados. “Alguns meios de comunicação deram a chamada lista do Janot. Alguns acertaram nomes, outros erraram nomes, e não se vaza nome errado. Então, o que houve naquela época foi uma grande especulação sobre os nomes que estariam ou não naquela chamada lista do Janot, que não são do Janot. As listas são dos colaboradores que disseram sobre fatos e imputaram a pessoas. Eu nego, portanto, que eu seja um vazador contumaz”.

Vários senadores questionaram o mecanismo da delação premiada, em que um acusado faz um acordo para dar detalhes do esquema criminoso e apontar outros participantes, em troca de redução da pena. Janot defendeu: “O colaborador não é um dedo-duro, um X9, um alcaguete. Compete ao Ministério Público fazer essas comprovações. Fazendo essas comprovações, aí sim ganha força o depoimento do colaborador.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que cumpriu o calendário ao levar o nome de Janot ao plenário no mesmo dia em que o nome dele foi aprovado na CCJ. E que foi uma forma de o Senado demonstrar isenção absoluta na recondução do procurador-geral da República.

Últimas Notícias