Profissional cobrava por procedimentos feitos pelo SUS em hospital público.

A Justiça condenou a 27 anos e dois meses de reclusão em regime inicial fechado o médico acusado de cobrar de gestantes para realizar partos pelo SUS no Hospital de Santa Bárbara do Sul, no Noroeste do . Luis Carlos Michell poderá recorrer em liberdade.

Segundo o Tribunal de Justiça (TJ-RS), o médico também perdeu o cargo público no hospital municipal e foi condenado ao pagamento de reparação pelas cobranças indevidas às pacientes. 

Os casos ocorreram entre 2009 e 2010. Nesse período, o médico teria lesado nove gestantes, segundo a Justiça. Cerca de 25 pessoas foram ouvidas ao longo do processo e todas confirmaram que o réu exigia honorários para a realização de procedimentos.

“O réu aproveitou-se da situação de vulnerabilidade em que se encontravam as vítimas, prestes a darem a luz aos seus filhos, para cobrar os valores indevidos (…). Além disso, demonstrou total desprezo com os seus semelhantes, chegando a afirmar que ‘pobre' não teria o direito de ter filhos e não se comovendo com o sofrimento físico das vítimas”, escreveu a juíza Marilene Parizotto Campagna na sentença.

Uma das vítimas do médico, segundo a Justiça, “ficou três dias tomando soro, sem beber e sem comer, para forçar um parto normal, pois a cesárea somente seria realizada se efetuasse o pagamento da quantia exigida pelo acusado”.

A defesa do médico alegou que depois de 23 anos de atuação profissional e mais de dois mil partos, poderia ocorrer confusão com os pacientes de planos particulares e sistema universal. Disse ainda que não existiam provas contra o médico e alegou perseguição política. Procurado pelo G1, o advogado de defesa Amadeu Waimann não quis se manifestar sobre o caso.