Ex-advogada diz que delator da Lava Jato ‘tinha medo de chegar a Cunha’

Beatriz deixou os casos no último dia 22

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Beatriz deixou os casos no último dia 22

A ex-advogada de nove delatores da Operação Lava Jato, Beatriz Catta Preta, disse em entrevista exibida nesta quinta-feira (30) ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, que um de seus clientes, o empresário da Toyo Setal Júlio Camargo, tinha “medo de chegar” ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em suas delações.

Beatriz, que deixou os casos envolvendo a Lava Jato no último dia 22 e foiconvocada a depor na CPI da Petrobras, também afirmou que está deixando a profissão após receber “ameaças veladas” de integrantes da CPI. “Vamos dizer que aumentou essa pressão, essa tentativa de intimidação a mim e à minha família. Vem dos integrantes da CPI que votaram a favor da minha convocação”, disse, sem citar nomes.

Ao ser questionada sobre a origem das pressões e ameaças, e se achava que Cunha estava por trás delas, Beatriz disse acreditar que elas vinham “de integrantes da CPI”, mas que “não podia afirmar” que o presidente da Câmara tem envolvimento com elas.

Essas tentativas de perseguição teriam acontecido após a mudança nas declarações de Júlio Camargo à Justiça em regime de delação premiada. O lobista foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato e em maio deu depoimento dizendo que o intermediário das propinas pelo PMDB era Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano. Em julho, mudou a versão e disse que Baiano estava sendo pressionado por Cunha para pagamento de propina.

“O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando e que ele era merecedor de 5 milhões de dólares”, afirmou Camargo em seu segundo depoimento.

A mudança no depoimento de Camargo ocorreu, segundo a advogada, por conta da “colaboração dele em assumir o risco de levar os fatos à Procuradoria”. Todos os depoimentos prestados do lobista estariam, de acordo com a defensora, respaldados por dados, documentos e provas.

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