A vitória de Tancredo Neves marcou o fim da ditadura militar

Neste 15 de janeiro de 2015, o Brasil comemora 30 anos da eleição para presidente de Tancredo Neves, que morreu antes de assumir o cargo. A vitória de Tancredo encerrou um ciclo de 21 anos de regime militar. A votação foi indireta, por um colégio eleitoral.

A vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, marcou o fim da ditadura militar e o reencontro do país com a democracia.

Tancredo não completou a trajetória. Internado às pressas na véspera da posse, passou por várias cirurgias e morreu em 21 de abril de 1985. Coube ao vice-presidente eleito, José Sarney, um dissidente do regime militar, incorporar o desejo dos brasileiros por liberdade política.

Depois de Sarney, o Brasil teve cinco presidentes da República eleitos pelo voto popular: Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que acaba de tomar posse do segundo mandato.

A reconciliação do Brasil com a democracia, trinta anos atrás, só foi possível porque o povo foi para as ruas. A história da nova República começou a ser contada nas praças das grandes cidades, das capitais, em manifestações e comíicios que reuniram milhares de pessoas.

Era a campanha pela aprovação da emenda das diretas já no Congresso. Um desses encontros históricos aconteceu na Praça da Sé, no centro de São Paulo, em janeiro de 1985.

A Emenda das Diretas, do deputado Dante de Oliveira, não passou no Congresso, ainda dominado por aliados do regime militar, mas o movimento das diretas fortaleceu a oposição.

“Se as pessoas olhassem politica com menos azedume, este é um periodo muito bonito de se observar. Líderes de ótima estatura colaborando, trabalhando juntos pra trazer o país de volta para democracia e fazendo tudo como um time bem treinado”, explica o cientista político Bolívar Lamounier.

Para a historiadora Maria Aparecida de Aquino, a democracia chega aos 30 anos em ótima forma, apesar dos  momentos difíceis que teve que superar. O primeiro deles, a  morte de Tancredo.

“Chega ao momento ele nao assume e no seu lugar vai assumir uma pessoa que representa o regime militar. Mas foi a primeira prova de fogo pela qual o Brasil passou, e passou muito bem”, diz Maria Aparecida de Aquino, professora da USP e historiadora.

O impeachment do presdiente Fernando Collor de Mello foi outro teste. “Muita gente foi às ruas, nós temos o movimento dos caras pintadas, muito conhecido, em 1992, mas em nenhum momento se ouviu falar aquilo que era tao comum antes do regime militar: golpe”, lembra Maria Aparecida de Aquino.

Mesmo defendendo pontos de vista políticos divergentes, as alianças que ocuparam o poder nestas três décadas tomaram medidas importantes.

Os analistas apontam três das principais:

– a Constituição de 1988, que confirmou garantias e direitos sociais,

– o Plano Real, que reformou a economia e controlou a inflação;

– e os programas sociais que ajudaram a reduzir as desigualdades.

Conquistas de uma democracia em evolução. “O Brasil não tem vocacao para viver em regimes autoritarios. É um país vocacionado para a liberdade, por maiores que sejam os nossos problemas”, pontua o cientista político Bolívar Lamounier.