Para Stuenkel da FGV, o Brasil é um dos países mais fechados do mundo quando o tema é imigração

A presidente Dilma Rousseff deve aproveitar seu discurso na ONU nesta segunda-feira (28) para abordar o tema dos refugiados sírios, que ganhou projeção com a comoção causada pela morte do menino Alan Kurdi, de três anos, afogado quando sua família tentava atravessar o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa.

Dilma provavelmente lembrará que o Brasil é o país que mais recebeu sírios na América Latina. Segundo o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), foram 2.077 de 2011 até agosto. Para o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel, porém, o país poderia receber muito mais.

Em um artigo recente para o jornal norte-americano The New York Times, ele defendeu que o Brasil deveria acolher 50 mil refugiados sírios. “Depois disso, recebi emails que me acusavam de querer importar o terrorismo para o Brasil. Mas essa acusação é fruto de ignorância e desconhecimento”, diz.

Stuenkel coordena a Escola de Ciências Sociais da FGV e o MBA em Relações Internacionais da instituição, além de ser membro do Global Public Policy Institute, em Berlim.

Em entrevista à BBC Brasil, ele explicou por que acredita que receber dezenas de milhares de sírios poderia trazer benefícios políticos e econômicos para o Brasil e sugeriu que a conta do apoio aos refugiados poderia ser paga por países que mantém suas portas fechadas.