Foto: Reprodução/Divulgação

 

Primogênita entre três irmãs cegas, Marlene Cintra afirma que nunca foi tratada com diferença em meio a outras crianças.

“Minha família sempre nos considerou como bênçãos de Deus, um tesouro, não um castigo, uma coisa ruim. “Vovô dizia que poderia fazer tudo o que todas as crianças faziam. Eu nem percebia que era cega, que havia diferença entre mim e as outras crianças.” relembra a professora.

Marlene só foi alfabetizada aos 9 anos, depois que uma professora visitou a família e explicou que as filhas poderiam estudar. Rapidamente, os pais deixaram o sítio e se mudaram para Franca (SP), em busca de uma vida melhor para as meninas.

Durante o ensino médio, ela conseguiu um emprego em uma empresa de calçados e tornou-se a primeira mulher cega a ser inserida na indústria calçadista de Franca, até ser aprovada na faculdade de psicologia no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, em Lorena (SP) .

 

Professora cega é pioneira em educação inclusiva Foto: Reprodução/Divulgação

 

​ Naquela época não havia livros em braile, nem livros gravados, dependia de amigos para que pudessem ler para ela. Em seguida foi convidada por um oftalmologista para lecionar aos pacientes que não enxergavam. Depois, foi contratada pela Prefeitura para atender e ensinar crianças com deficiência visual. Nesse mesmo período, montaram o primeiro centro de atendimento do Vale [do Paraíba] para crianças e jovens cegos, ou com algum tipo de deficiência visual.

 

Professora cega é pioneira em educação inclusiva  Foto: Reprodução/Divulgação

 

Como resultado do seu brilhante trabalho, foi convidada a assumir uma classe de deficientes visuais na escola Professor Cid de Oliveira Leite, em Ribeirão Preto, tornando-se a primeira professora cega do município, onde implantou atividades extraclasses, como educação física adaptada, aulas de inglês, canto, violão, datilografia, entre outras.

 

Professora cega é pioneira em educação inclusiva  Foto: Reprodução/Divulgação

 

​ Em 1998 realizou o seu grande sonho, fundou a Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região (Adevirp). A entidade atende cerca de 200 pessoas de todas as idades, em aulas gratuitas de braile, informática, educação musical, como canto coral, teclado, flauta e violão, além de terapia ocupacional, estimulação visual, mobilidade e esportes, incluindo atletismo e natação.

 

Professora cega é pioneira em educação inclusiva  Foto: Reprodução/Divulgação

 

​“Procuro viver como missionária, como uma pessoa que consagrara a vida a Deus, e ensinar que a gente não é um olho, uma perna, a gente pode ser feliz independente de condição física. Mesmo não enxergando, podemos ser luz na vida de quem está próximo a nós”, conclui.

 

Professora cega é pioneira em educação inclusiva  Foto: Reprodução/Divulgação