Na luta para escapar da cassação, Bernal conseguiu dois votos doando secretarias e ainda tem outras duas para oferecer.
As secretarias da Juventude e de Políticas Públicas para Mulheres estão encalhadas há sete meses, desde que foram criadas pelo prefeito. Todavia, ao contrário da população, que corre o risco de perder projetos do Governo Federal, Bernal pode ter bom lucro com a demora para indicar os responsáveis pelas pastas.
A uma semana do julgamento da Comissão Processante, que pode cassar o mandato dele, o prefeito está correndo contra o tempo para preencher os cargos e, consequentemente, se livrar da degola por vias políticas. Bernal começou a corrida por aliados com seis vereadores, mas com a doação de secretarias, já contabiliza oito, faltando apenas dois para derrubar a Comissão Processante.
Nos últimos dias, Bernal ganhou a simpatia dos vereadores Paulo Pedra (PDT) e Dr. Jamal (PR) depois que doou o IMPCG e a Agência Municipal de Habitação. Jamal foi o primeiro agraciado, tendo a incumbência de indicar Lilian Maksoud para o IMPCG. Já Paulo Pedra, mesmo correndo o risco de perder o mandato em breve, já que continua na Câmara com liminar, recebeu de Bernal a Emha como garantia do voto contra a cassação. O partido indicou Dirceu Peters para a Agência de Habitação.
Na corrida para fugir da cassação, Bernal já conversou com outros três partidos, que também podem tomar uma decisão nos próximos dias, quando olharem o Diário Oficial de Campo Grande: PSDB, PSB e PTB. Dos três partidos, Bernal deve ter mais facilidade com o PTB, que pediu a Agetran em troca do voto. Bernal e o presidente estadual do PTB, Ivan Louzada, só não fecharam acordo por desconfiança.
O prefeito só aceita nomear o indicado do PTB depois da votação e Louzada não concorda. Também pesa contra a aliança o fato de Bernal não abrir mão dos comissionados que já garantiram cargo na prefeitura. O PTB não aceita apenas o cargo de diretor-presidente e também quer indicar servidores.
O prefeito já tentou entregar a Secretaria da Juventude para o PSB, mas o vereador Carlão (PSB) não quis. Ele só aceita integrar a base de sustentação se Bernal criar uma Secretaria de Assuntos Fundiários, o que não deve acontecer neste ano. Inseguro, Carlão chegou a dizer que aceita acordo se Bernal assinar documento.
Com medo de contar apenas com 10 e perder de novo, como na ocasião em que a Câmara decidiu se abriria ou não a Comissão Processante, Bernal foi aconselhado a trazer pelo menos 12 para a base. Neste caso, ainda tenta investir no PSDB, de Rose Modesto e João Rocha.
Para trazer Rose e João Rocha para o grupo, Bernal terá que fazer um esforço ainda maior. Ele já ofereceu a Secretaria de Educação para os tucanos, mas não conseguiu acordo. A vereadora Rose Modesto explicou que o partido não quer apenas o cargo, mas autonomia para implantar um programa de governo. A primeira mudança sugerida seria a transferência dos Ceinfs para a Secretaria de Educação. Hoje, eles são administrados pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS).
O prefeito tem até o dia 30 de dezembro para conquistar 10 votos e fugir da degola. Entretanto, para chegar a uma maioria, que garanta aprovação de projetos polêmicos, Bernal precisará de 15 aliados. Sabendo disso, está agindo com cuidado para não gastar todos os cargos e não ter o que oferecer mais para a frente.
