Indignada em meio às dezenas de pessoas que encheram o pátio da delegacia do 1º Distrito Policial de Dourados por volta das 11h desta sexta-feira (31), a doméstica Iraíde Souza Santos, 55, acusava um dos casais detidos acusados de um suposto ‘golpe das panelas’ de “terem passado a perna” nela.
“Esse povo sem vergonha na cara disse que fez uma coisa, mas fez outra. Querem fazer sujeira com o nome das pessoas de bem, é um absurdo”, declarou Iraíde, que fez uma compra que, no fim, teria saído por R$ 5,6 mil.
Na delegacia, ela mostrava o boletim de ocorrência registrado contra os acusados. Segundo a doméstica, o casal a abordou na casa da patroa, oferecendo o jogo de panelas. “Me ofereceram o jogo por R$ 730 e disseram que faziam em dez parcelas e que eu ainda ia ganhar um brinde de promoção porque eu tinha bônus no meu cartão. Ela [a acusada] passou meu cartão três vezes e porque disse que deu errado, e não me deu uma via. Só fui desconfiar depois que a minha vizinha chamou a minha atenção pra situação, e a gente foi conferir no banco”, contou Iraíde, que chegou a bater boca com a acusada na delegacia.
Todas as supostas vítimas do golpe moram em bairros de toda a cidade, o que mostra a abrangência do trabalho do grupo que é formado por quatro homens e três mulheres que dizem ser da cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo.
Também em meio ao grupo de clientes que encheu o pátio do 1º DP estava o entregador Marcos Lucas de Lima, 34, que fez a compra de um jogo de panelas por R$ 600 em 10 parcelas.
“Vim aqui ver a situação porque passaram meu cartão duas vezes, então estou preocupado de terem passado duas compras ao invés de uma. Vai saber se não caí nessa também”, disse Lima.
Um casal que preferiu não se identificar, também fez a compra do jogo de panelas. Eles relataram como foi a abordagem do grupo. “É uma lábia sensacional. Te abordam como se fossem seus melhores amigos, prontos para dar o bote. Te oferecem promoções, vão dando aquele papo furado, e quando você vê já pagou por algo que não recebeu”, disse a suposta vítima.
Investigações
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Lupércio Degeroni, a maioria dos mais de dez clientes que procuraram a delegacia relataram situações como cartão de crédito que foi passado mais de uma vez sob alegação de problemas na máquina e valor passado na máquina acima do combinado na compra.
“São muitas situações diferentes, umas que caracterizam crime, e outras que caracterizam apenas uma desatenção das pessoas com o que estão fazendo, como por exemplo, você comprar dois kits de panelas, pagar por eles, e receber um. Isso é pura desatenção do consumidor, que tem que cobrar na hora. As pessoas não podem sair fazendo negócios sem observar as coisas, sem prestar a atenção devida. É aí que os oportunistas agem”, alertou o delegado.
Os sete acusados de serem os possíveis autores do ‘golpe da panela’ serão investigados por crimes de estelionato e furto mediante fraude, que são inafiançáveis e tem penas que podem chegar a até oito anos de reclusão. A Polícia Civil não descarta o envolvimento de outras pessoas na suposta comercialização fraudulenta de panelas em vários bairros de Dourados.
