Membros do Clã Morinigo, presos em 2020 durante a deflagração da Operação Status, que apreendeu na época mais de R$ 230 milhões da organização criminosa que usava garagens de carros para lavar dinheiro do tráfico, ganharam liberdade. A decisão foi da 5º Vara do Tribunal Regional Federal, que revogou a prisão preventiva imposta a Tairone Conde Costa com substituição de medidas cautelares alternativas.

A decisão ainda relata que: “Assim, considerando que a situação do acusado Elson Júnior não diverge daquela apresentada pelos demais acusados postos em liberdade e ainda tendo em vista que não exerce posição de liderança na suposta organização criminosa, assim como considerado o tempo decorrido desde a apresentação da denúncia sem que o processo tenha ingressado na fase instrutória, entendo que a manutenção da referida prisão preventiva está em vias de ultrapassar os limites da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo, da mesma forma, se entender que outras medidas cautelares diversas da prisão são mais adequadas, a partir do presente momento processual.”

Também ganharam a liberdade Slane Chagas, Alexandre Lima Vilhanueva e o chefe da organização criminosa, Emídio Morinigo Ximenes. Todos terão de cumprir medidas cautelares: comparecimento pessoal e bimestral perante o juízo, para informar e justificar suas atividades, bem como comunicar qualquer mudança de endereço ao juízo;  proibição de manter contato pessoal, telefônico ou por meio eletrônico ou virtual com os outros acusados de pertencer à mesma organização criminosa; proibição de ausentar-se do município em que resida, por mais de oito dias, sem prévia autorização judicial, proibição de ausentar-se do país até o término da ação penal em curso, com a obrigação de entrega do passaporte ao juízo.

Além de recolhimento domiciliar no período noturno, das 22h às 7h, não podendo sair de casa nos finais de semana, monitoração eletrônica por meio de tornozeleira, com restrição do perímetro de circulação limitado ao município em que tiver domicílio, ficando desde já advertido que todas as saídas deste perímetro deverão ser autorizadas previamente pelo juízo. 

Luxo de organização foi alvo de operação

Deflagrada em 11 de setembro, a Operação Status mirou empresas de laranjas ou de fachada, que seriam utilizadas para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Mais de R$ 230 milhões foram sequestrados durante a ação, autorizada pela 5ª Vara Federal e que envolveu 8 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão. Foram realizadas ações em Campo Grande, Dourados, Ponta Porã, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e — bem como 4 de prisão preventiva em Assunção e Pedro Juan Caballero, no .

Construtoras, administradoras de imóveis e garagens de veículos de luxo foram alvos da ação — uma delas, na Avenida Salgado Filho, foi alvo de batida da Polícia Federal —, sendo que doleiros no Paraguai e em Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio davam suporte às ações.

A operação recebeu o nome de Status em virtude da ostentação dos líderes da organização criminosa, pertencentes à família Morinigo, que incluía residências de luxo, esportivos de alto valor e contratação de artistas famosos para eventos pessoais. Só deles, foram sequestrados R$ 150 milhões.

Emídio Morinigo, Jefferson Morinigo e Kleber Morinigo solicitaram soltura à Justiça. Pai e os dois filhos seriam líderes da organização, com estrutura focada no tráfico de cocaína. A PF levou dois anos para colocar a Status na rua. Em 2017, os irmãos foram presos com uma carga de haxixe, o que levou a família a se mudar para Pedro Juan Caballero.

Tráfico de drogas

Em 2006, os irmãos Morinigo acabaram presos com um carregamento de haxixe, em Campo Grande, e foi aí que a família se mudou para Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã.

Os carregamentos de drogas eram feitos dentro de tanques de carros e caminhões e quem era preso acabava recebendo uma mesada em torno de R$ 1.500 e R$ 2 mil para não ‘dedurar' a família e não entregar nomes a polícia.

O esquema criminoso tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de empresas de “laranjas” e empresas de fachada, como construtoras, administradoras de imóveis, lojas de veículos de luxo. A estrutura também contava com uma rede de doleiros no Paraguai, com operadores em Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio de Janeiro.