Ainda não há consenso sobre taxa de juros

 

O presidente do (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (28) que alcançar o centro da meta de inflação, em 4,5%, em 2017 é uma expectativa ambiciosa e crível.

Para Goldfajn, atingir esse objetivo é algo ambicioso porque a inflação em 2015 foi “mais que o dobro da meta”. “O ano de 2015 foi de choque, inflação muito elevada, em parte devido à depreciação forte [do real], a inflação de [preços] administrados muito forte. Desde então, o objetivo do regime de metas tem sido fazer a convergência de volta para o centro da meta”, disse, ao divulgar o Relatório de Inflação.

De acordo com a projeção do relatório, a inflação em 2017 ficará próxima do centro da meta, em 4,7%. Goldfajn disse que a mudança na estimativa do BC, de alcançar o centro da meta de 4,5%, como indicava a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 16, para 4,7% é “marginal”.

“Basicamente a mudança ocorre porque houve uma revisão na projeção de 2016. Em 2016 estamos com os administrados um pouco mais altos. E estamos com uma preocupação um pouco maior com preços agrícolas, que vieram do atacado. Isso faz com que a projeção para 2016 suba e subindo a projeção para 2016 faz com que 2017 tenha uma elevação marginal”, afirmou.

O presidente do BC afirmou, ainda, que não há necessidade de se ter uma meta de inflação ajustada.

Banco Central diz que pretende alcançar meta de inflação em 2017Ajuste fiscal

Questionado se o BC “voltaria a ficar sozinho” no combate à inflação, sem a ajuda do governo com ajuste fiscal, Goldfajn i nformou que a equipe econômica está trabalhando com coerência para recuperar a confiança, sair da recessão e fazer com que a inflação cai mais rapidamente.

No Relatório de Inflação, o BC disse que a continuidade do avanço no combate à inflaçãodepende de ajustes na economia, principalmente nas contas públicas. O banco também citou outros fatores que conribuiram com o combate à inflação: o processo de realinhamento dos preços externos em relação aos internos e livres em relação aos administrados, o efeito dos fenômenos climáticos sobre a produção mundial de alimentos, principalmente de grãos, e a influência sobre os preços domésticos; e as incertezas sobre a economia mundial.

Taxa de juros

O presidente do BC também afirmou que há consenso de que é preciso criar condições para que haja redução da taxa básica de juros, a Selic. “Todos esperamos que as condições se apresentem para flexibilização das condições monetária.” Ele enfatizou que a redução da Selic tem de ser feita de forma responsável, o que também considera que é consenso.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida. Isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.

O BC tem de encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

Câmbio

Goldfjan acrescentou que o BC poderá utilizar todas as ferramentas cambiais que dispõe, mas sempre com parcimônia e sem ferir o regime de câmbio flutuante (cotação definida no mercado).

“Temos dois objetivos: manter o regime de câmbio flutuando e, ao mesmo tempo, encontrar uma janela de oportunidade para continuar reduzindo o estoque de swap [operação de câmbio no mercado futuro], quando e se for possível”, concluiu.