Entre os mitos estão achar que vírus é transmitido apenas em relações sexuais e que HIV e são a mesma coisa

As descobertas sobre HIV e aids não param. Enquanto autoridades do setor da saúde de Cuba identificaram pacientes infectados com uma variação do vírus que desenvolve a doença com mais rapidez, em apenas três anos, cientistas do Jupiter, campus da Flórida do Instituto de Pesquisa The Scripps (TSRI), anunciaram a descoberta de um agente anti-HIV tão poderoso que pode virar vacina. A amfAR, Fundação para Pesquisa da aids, por sua vez, lançou a ação “Contagem Regressiva para a Cura”, projetada para investir US$ 100 milhões em pesquisas voltadas para o tratamento durante os próximos seis anos. Em meio a tantas novidades, muitos mitos sobre o assunto ainda pairam na cabeça das pessoas. A seguir, desvende 15 deles:

Aids e HIV são a mesma coisa
 

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). No entanto, há muitas pessoas soropositivas (com o vírus) que vivem durante anos sem desenvolver a síndrome e apresentar seus sintomas, como febre prolongada, emagrecimento, falta de apetite, cabelo ralo, como informou o infectologista Munir Akar Ayub, professor da Faculdade de Medicina do ABC.
 
O HIV pode ser transmitido por meio do contato com saliva, suor e lágrimas
 

O HIV não é um vírus fácil de passar de uma pessoa para outra como a gripe, afirmou o epidemiologista Greg Millett, vice-presidente e diretor de Políticas Públicas da amfAR. Não houve registro de casos de transmissão por contato com saliva, lágrimas ou suor. O vírus pode ser transmitido no ato sexual ou no compartilhamento de agulhas e seringas com alguém que tem HIV.
 
O portador de HIV tem de separar todos seus pertences pessoais dos de seus familiares
 

O vírus pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno. Dessa forma, a convivência deve ser normal, sem que haja a necessidade de separar os pertences, mas não compartilhe objetos perfuro-cortantes, como informou o infectologista Ayub. 
 
O vírus é transmitido apenas em relações sexuais 
 

O HIV também pode passar com o compartilhamento de seringas e agulhas, transfusão de sangue contaminado, reutilização de objetos perfuro-cortantes com presença de sangue ou fluidos com o vírus e durante o parto normal.
 
Ter relação sexual sem camisinha com alguém infectado significa 100% de chance de contrair o vírus 

A relação sexual sem camisinha com alguém infectado oferece 0,3% de risco de contrair o vírus, como disse o médico Ayub. “Se tem uma segunda relação, sobre para 0,6%; uma terceira, para 0,9%, e assim por diante.” Segundo ele, a chance realmente é baixa em um único procedimento de risco. “A grande maioria dos casos tem várias exposições ao vírus”, explicou o médico da Fundação ABC. Em casos de estupro, afirmou, a pessoa fica sensibilizada e o risco é maior. “A chance de contágio é maior porque a relação ocorre sem consentimento e, portanto, o traumatismo local com pequenas lacerações de pele aumenta a possibilidade de transmissão viral.” As possibilidades baixas, porém, não são desculpa para se arriscar e fazer sexo sem preservativo. 

HIV não pode ser transmitido durante o sexo oral
 

A transmissão do HIV ocorre quando há uma troca de fluidos corporais (como sêmen, fluidos vaginais, leite materno, sangue ou fluidos pré-ejaculatório) e isso é possível durante o sexo oral, quando há feridas abertas como cortes ou machucados na boca ou gengiva ou infecções na garganta ou na boca que estejam inflamadas, informou Millett.
 
Não há necessidade de usar preservativo durante o contato sexual se ambos os parceiros já têm HIV
 

Existem diferentes variedades de HIV e, se o preservativo não é usado durante o contato sexual, os parceiros infectados pelo HIV podem trocar diferentes tipos de HIV. Isso pode fazer com que o tratamento do HIV fique mais difícil e o vírus pode se tornar mais resistente ao tratamento atual, segundo Millett.
 
Não corro risco de contrair HIV
 

Qualquer pessoa pode ter a doença, desde que tenha comportamentos de risco, como relação sexual (homo ou heterossexual) com pessoa infectada e sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas; transfusão de sangue contaminado pelo HIV; reutilização de objetos perfuro-cortantes com presença de sangue ou fluidos com o vírus.
Segundo o infectologista Ayub, no começo da epidemia, pelo fato de a aids atingir principalmente os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, quem fazia parte desse grupo era considerado grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco, já que o vírus passou a se espalhar de forma geral, sem se concentrar em grupos específicos. 
 
Sou monogâmico, não preciso ser testado
 

A menos que você esteja 100% certo de que você e seu parceiro são HIV negativos, a monogamia não é garantia. Se você é HIV negativo e está em um longo relacionamento monogâmico com outra pessoa que é HIV negativa, praticamente elimina o risco de contrair o HIV. Mas a menos que você tenha feito o teste, não há garantia de que qualquer um de vocês esteja livre do HIV, explicou Millett.

 
Na minha idade, não preciso me preocupar com o HIV

No Brasil, a infecção pelo HIV está crescendo entre os jovens de 15 a 24 anos de idade. A taxa de pessoas nessa faixa etária com HIV aumentou 34% desde 2004, como informou Millett. Além disso, as pessoas com mais de 50 anos fazem parte do grupo de mais rápido crescimento de infectados pelo HIV nos EUA, o que representa 15% dos novos casos de acordo com Centro de Controle de Doenças.
 
Se meu teste der negativo, as minhas preocupações acabaram
 

Se você está fazendo sexo sem proteção com um parceiro que é HIV positivo ou cujo estado é desconhecido por você, precisa fazer o teste regularmente. Pode demorar algumas semanas ou mesmo meses para os anticorpos anti-HIV alcançarem níveis detectáveis, de acordo com Millett. E cada vez que há uma pequena chance de ter se exposto ao risco, é necessário fazer outro teste.
 
Toda criança que nasce de mãe com HIV tem o vírus
 

Bebês que nascem de mães soropositivas têm 17% de chances de serem contaminadas caso a mulher não tome as medidas de prevenção necessárias, disse o infectologista Ayub. Quando as segue à risca, a possibilidade cai para 0,5%. 

Durante o pré-natal, toda gestante tem o direito e deve realizar o teste de HIV. Quando o problema é identificado, entre as recomendações estão o uso de drogas antirretrovirais, o parto cesariano e a suspensão do aleitamento materno, substituindo-o por leite artificial (fórmula infantil) e outros alimentos, conforme a idade da criança. “No parto normal, o filho tem contato com a secreção da vagina, o que aumenta o risco de transmissão”, explicou Ayub.
 
Posso dizer se alguém é HIV positivo apenas olhando para ele
 

As pessoas podem ter HIV por mais de 10 anos sem apresentar sinais ou sintomas, mencionou o vice-presidente e diretor de Políticas Públicas da amfAR. Mesmo se um parceiro parece saudável, é importante saber o seu estado sorológico.
 
Fazer tratamento com os coquetéis impede totalmente a manifestação da doença
 

O tratamento impede em boa parte dos casos. Mas, às vezes, os medicamentos podem não ter o efeito esperado em determinados pacientes ou o portador começa a tomá-los muito tarde e torna mais difícil o processo, explicou Ayub.  
 
O coquetel oferecido após caso de abuso sexual elimina as chances de contrair HIV
 

O coquetel não impede por completo, mas diminui muito o risco: cerca de 90%, como informou o infectologista Ayub.