Eurizio Ferreira De Andrade vai a júri popular pela morte de Jennifer Gimenes Morgenrotti e tentativa de assassinato contra a amiga dela, em São Gabriel do Oeste, a 124 quilômetros de Campo Grande. A decisão do julgamento é da última quinta-feira (24).
O crime aconteceu há pouco mais de um ano, no dia 23 de junho de 2024, quando Jennifer foi assassinada a tiros e a amiga dela ficou ferida. A amiga sobrevivente conseguiu fugir e ser socorrida para atendimento médico.
Eurizio foi preso na madrugada do dia seguinte ao crime após tentar atrapalhar as investigações desligando o circuito de câmeras de segurança do local e alterando a cena do homicídio.
Conforme decisão da juíza Samantha Ferreira Barione, da 1ª Vara da Comarca de São Gabriel do Oeste, o idoso foi pronunciado, ou seja, encaminhado ao Tribunal do Júri. Na decisão, ela entendeu que ficou comprovada a materialidade e autoria do crime.
“Quanto à autoria, embora o acusado tenha se valido da prerrogativa de ficar em silêncio, o conjunto probatório angariado aos autos revela indícios suficientes de que ele tenha sido o autor dos fatos narrados na denúncia”, diz o documento.
A juíza ainda impronunciou Eurizio pelo crime de ocultação de cadáver contra a amiga de Jennifer. Isso porque ela entendeu que a conduta não incidiu sobre um cadáver, mas sobre uma pessoa que sobreviveu ao atentado.
“Nesse ponto, aplica-se a teoria do crime impossível, nos termos do art. 17 do Código Penal, segundo o qual não se pune a tentativa quando, por absoluta impropriedade do objeto ou ineficácia absoluta do meio, a consumação do delito é impossível. Assim, como a vítima não faleceu e o objeto material do tipo penal não se constituía no momento da conduta, é juridicamente impossível a configuração do crime, ainda que em sua forma tentada”, explicou.
A data para o julgamento ainda não foi marcada.
Tiros, fuga e socorro
Um vizinho da fazenda foi quem socorreu a vítima. Em depoimento na delegacia, ele contou que foi avisado por outro vizinho por volta das 17h de que havia uma mulher dentro do canavial, nua, ensanguentada, gritando por socorro. Ele então foi até o local, resgatou a mulher, a levou para sua casa, onde ofereceu água, já que ela alegava muita sede.
Depois, a colocou no carro e levou para o hospital. Ele a questionou sobre o que aconteceu e a jovem contou que o idoso havia atirado nela e matado a amiga. Explicou ainda que as duas eram garotas de programa que haviam ido até a fazenda do autor para fazer programas no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 500 para cada.
O homem a trancou no quarto e disse que mataria a amiga dela primeiro e depois voltaria para matá-la. Ela, então, conseguiu forçar a grade da janela e sair. Pegou uma faca para se defender e ajudar a amiga, quando o autor foi para o lado dela e deu um tiro em sua cabeça. A mulher caiu e ele passou a estrangulá-la com um fio. Em seguida, desmaiou, acordando no meio do mato. Assim que acordou, escutou dois disparos.
Para o vizinho que a salvou, a vítima teria contado que tirou as roupas, para não chamar atenção, com medo que o idoso a encontrasse. O autor ainda teria ficado rodando, tentando encontrá-la dentro do mato, inclusive teria passado perto dela, mas não a viu.
Após ele retornar para onde estava o corpo da amiga, ela o viu colocando Jennifer em uma carriola. Ela então fugiu por dentro do mato onde ficou até ser socorrida.
A jovem ainda explicou que já fez programas com o idoso, mas que a amiga morta seria a primeira vez com o autor. Disse que em outras ocasiões após o programa o idoso sempre ficava ligando e mandando mensagens, querendo relacionamento sério, mas ela não respondia, pois não queria.
Ao ‘salvador‘ a jovem comentou que por não saber o real motivo do crime, acredita que possa ter sido premeditado.

Idoso jantou e dormiu após o crime
Quando foi preso, o idoso estava na casa da mãe do genro. Ela explicou para a polícia, que não sabia do crime quando recebeu o autor em sua casa. Disse também que o idoso chegou a sua fazenda depois das 18h daquele dia dizendo que iria jantar na residência. O marido da mulher acompanhou o idoso até a porteira, onde o veículo dele estava e o trouxeram para próximo da casa. Depois ele pediu para jantar e posar na casa.
A mulher disse que até então não achou nada estranho, pois o idoso é uma pessoa do ciclo familiar e ele também não aparentava estar estranho.
Disse que notou alguns ferimentos no braço e o questionou. Ele disse que havia brigado com a mulher. A mulher depois o questionou novamente, pois sabia que ele não era casado.
Ele então se referiu a uma mulher com quem teria uma filha. Ela disse também à polícia que todos da família acreditavam que ele tinha uma filha com uma das vítimas, pois sempre afirmou tal informação em situações anteriores, mas ninguém nunca conheceu a criança, nem a mãe da criança.
A mulher então enviou um áudio para seu filho avisando que o sogro estava na residência, como sempre fazia.
Ela contou ainda que não fazia ideia do crime e que após relatar a tal briga com a mulher, o idoso disse que não queria mais saber dela.
Em seguida, o homem jantou e dormiu. Mais tarde uma viatura da Polícia Civil com o genro do idoso chegou à residência.
Confissão e prisão
Após o crime, por volta das 16h, o idoso enviou mensagens via WhatsApp para o genro pedindo para se encontrarem próximo da MS-430. O encontro aconteceu por volta das 16h40.
Segundo relato do genro à polícia, o sogro teria dito: “Fiz uma cagada”. Ele também contou que havia matado uma mulher e a outra estava baleada, mas havia fugido. O autor ainda questionou o rapaz sobre o que deveria fazer, tendo como resposta que deveria se entregar para a polícia, mas negou.
O idoso teria explicado ao rapaz que discutiu com a vítima sobrevivente. O autor teria dito que a briga ocorreu por conta da filha em comum, de 5 anos, por causa de pensão. Depois da discussão, ele entrou no quarto, pegou a arma, carregou e atirou. Contou também que arrastou uma das vítimas até uma trilha, que segue para a cachoeira.
Depois da conversa, o genro disse que iria chamar policiais para relatar o ocorrido. No pelotão da Polícia Militar, foi informado que a denúncia do crime já havia chegado.
Depois de incessantes buscas, o autor foi preso na madrugada de segunda-feira, 24 de junho de 2024, na fazenda da mãe do genro, com os celulares das vítimas dentro de uma bolsa.
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