O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), denunciou dez pessoas, entre as quais secretárias municipais, servidores públicos e empresários, por organização criminosa, fraude em licitação e corrupção.
Os crimes foram praticados nas prefeituras de Água Clara e Rochedo, ambas administradas pelo PSDB. Todos os envolvidos estão presos.
Na Justiça, o MP separou os processos e, inicialmente, apresentou denúncia referente aos crimes praticados na prefeitura de Água Clara, cidade de cerca de 18 mil habitantes, distante 207 km de Campo Grande.
Conforme as investigações, o grupo teria arrecadado em torno de R$ 10 milhões no período de 2022 a início de 2025.
A denúncia ofertada ocorreu no âmbito da “Malebolge” [pecados de fraude], operação do Gaeco, deflagrada em fevereiro deste ano. Embora a investida dos investigadores tenha ocorrido há dois meses, os criminosos já eram ‘espionados’ desde 2023.
De acordo com a denúncia, a qual o Jornal Midiamax teve acesso, foram denunciadas as seguintes pessoas:
- Adão Celestino Fernandes, 64 [administrador de empresa];
- Adriana Rosimeire Pastori Fini, 54 [secretária de Educação da prefeitura de Água Clara];
- Ana Carta Benette, 36 [servidora pública da prefeitura de Água Clara];
- Denise Rodriges Medis, 33 [secretária de Finanças];
- Ícaro Luiz Almeida Nascimento [empresário];
- Jânia Alfaro Socorro, 51 [servidora pública];
- Kamilla Zaine dos Reis Santos Oliveira, 30 [servidora pública];
- Leonardo Antônio Siqueira Machado, 29 [empresário];
- Mauro Mayer da Silva, 27 [empresário]
- Valmir Deuzébio, 56 [comerciário].
Os dez implicados foram denunciados por integrar organização criminosa, fraude à licitação, peculato, corrupção ativa e passiva e falsidade documental, crimes que superam, se condenados, com folga, a pena de dez anos de prisão.
Ainda, conforme o Gaeco, as licitações eram fraudadas com ajuda dos servidores que, para criar um aspecto de legitimidade, simulavam as concorrências com documentos falsos.
A secretaria municipal de Educação era quem mais promovia as licitações. Os materiais adquiridos eram superfaturados ou, nem sequer, entregues.
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Dinheiro em casa
Em trecho da denúncia, o Gaeco narrou ter apreendido dinheiro, em espécie, na casa de um das envolvidas e no gabinete de uma das secretárias municipais.
Assim, segue trecho da denúncia: “… chamou a atenção durante as buscas, especificamente em relação ao grupo de Água Clara, o alto volume de dinheiro em espécie apreendido na residência da servidora ANA CARLA BENETTE [servidora], R$ 9.000,00 (nove mil reais) em notas de R$ 100,00 (cem reais), totalmente incompatível com a remuneração oficial dela, de cerca de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), confirmando que ela usava de sua função realmente para perpetrar ilícitos e enriquecer criminosamente“.
Noutro trecho, os investigadores flagraram uma quantia na gaveta da secretária de Finanças.
Segue: “Também não pode passar despercebido que, no gabinete da Secretária de Finanças de Água Clara, DENISE RODRIGUES MEDIS, em uma gaveta de sua mesa de trabalho, foram encontrados R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), também provenientes de propina, o que ficou claro até pelo local onde foi achado (não é comum que alguém guarde seu dinheiro no trabalho, principalmente porque na casa dela não havia nenhuma quantia), ratificando que o recebimento deu-se no exercício e em razão da função“.
As secretárias e os servidores denunciados foram afastados do cargo logo depois da operação.
A reportagem tentou conversar com os denunciados, mas até o fechamento deste material não tinha conseguido. O espaço segue aberto às manifestações deles.
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