Lideranças aproveitam ação nas aldeias de Dourados e clamam por fim de ‘problemas crônicos’
Vice-governador diz que ação une forças policiais e comunidades indígenas
Marcos Morandi –
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A partir desta segunda-feira (20) e ao longo da semana os moradores das aldeias indígenas Bororó, Jaguapiru e Panambizinho, que compõem a Reserva Indígena Federal de Dourados, recebem ações do Governo do Estado por meio da união de forças policiais.
A força-tarefa visa oferecer aos moradores atendimento vacinal, palestras educativas e outros serviços, como a emissão do RG, confecção de Boletins de Ocorrência, cursos de formação, entre outras agendas, garantindo a cidadania da população indígena.
Em conversa com a reportagem do Midiamax, as lideranças das duas maiores aldeias da cidade, pontuaram que a presença das forças policiais é o primeiro passo para resolução de alguns problemas considerados crônicos.
“Estávamos esperando esse acontecimento há algum tempo. São serviços muito úteis e de grande importância para todos nós, uma vez que temos problemas que estão relacionados não só à violência nas aldeias, mas também à falta de infraestrutura como habitação, segurança alimentar e abastecimento de água”, relata o capitão da Bororó Reinaldo Arévalo.
Segundo ele, as presenças das forças policiais servem como sinal de esperança para a resolução de demandas imediatas, mas também aproxima os indígenas de quem pode resolver muitas das carências existentes nas aldeias.
Problemas crônicos
“Temos muitas pessoas na nossa comunidade que não têm condições tirar a primeira via e nem a segunda da certidão de nascimento. Essa é uma boa oportunidade para a gente resolver essas coisas que tomam muito tempo já que temos que se deslocar até a cidade”, comenta Arévalo.
No entendimento do capitão da Aldeia Jaguapiru, Ramão Fernandes, os problemas da reserva atravessam décadas e são se apresentam sob diversos tamanhos. “A falta de documento e de orientações de cidadania está entre os menores, mas que geram muitas dores de cabeça para nós. Temos parentes que não conseguem comprovar a própria existências porque não tem carteiras de identidade e nem certidão de nascimento revela o capitão.
Segundo Ramão, são ações desse porte que abrem as portas para que sejam encontradas soluções para outras reivindicações maiores. “Muitas famílias, tanto da Jaguapiru quanto da Bororó ainda não tem água para beber e nem para a higiene básica. Isso já virou um problema crônico que deixa a comunidade cada dia mais doente”, reclama o líder da Jaguapiru, que segundo ele, agrega mais de 13 mil indígenas.
Fato histórico
Segundo o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, essa ação conjunta busca resolver questões pontuais relacionadas às demandas específicas das comunidades que fazem parte da Reserva Indígena Federal. Ele ressalta ainda, que isso vai resultar na aproximação do poder pública com as comunidades.
“Esse é um fato histórico. É a primeira ação comandada pela Justiça e Segurança Pública em integração com as forças federais nas aldeias. São serviços que vão desde a emissão de documentos ao registro de boletins de ocorrência e investigações, mas que sobretudo representa ações de cidadania”, explica o vice-governador.
Para o secretário-executivo de Segurança Pública da Sejusp, coronel Wagner Ferreira da Silva, algumas medidas de segurança já estão sendo adotadas há tempo. Ele destaca entre elas, as oitivas da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) que já são realizadas nas aldeias.
“É uma ação que tem como principal objetivo aproximar a Segurança Pública e também de todos os serviços públicos da comunidade indígena. Nós esperamos que isso contribua efetivamente com a segurança de todos os moradores da reserva”, explica o coordenador da ação que acontece nas proximidades da Escola Municipal Francisco Meireles e Missão Caiuá, na Aldeia Jaguapiru.
Estão presentes a PRF (Polícia Rodoviária Federal), PM (Polícia Militar), PMA (Polícia Militar Ambiental), PC (Polícia Civil), CBM (Corpo de Bombeiros Militar), CGP (Coordenadoria Geral de Perícias), Instituto de Identificação, DPCOM (Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos), além da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena de Mato Grosso do Sul), SES (Secretaria de Estado de Saúde) e Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania).
O prefeito Alan Guedes (PP) também destacou a união de esforços entre as esferas do Governo Federal, Estadual e Municipal como forma de resolver os problemas das populações indígenas. “Nós estamos acompanhando de perto essas ações e contribuindo efetivamente para que isso de fato aconteça”.
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