As pré-campanhas de Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio do Planalto divulgarão vídeos nas redes sociais com críticas ao pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL), principalmente em relação ao histórico de declarações controversas do deputado federal e ex-capitão do Exército.
O vídeo da pré-campanha de Meirelles, que será divulgado nesta quinta quinta-feira (28), trará ainda ataques ao pré-candidato Ciro Gomes (PDT).
Na peça, elaborada pelo marqueteiro Chico Mendez e que será postada nas redes sociais do emedebista, Bolsonaro aparece em uma cena de 2013 em que xinga a deputada Maria do Rosário (PT-RS) de “vagabunda”. Em seguida, outra cena vem à tona, em que ele chama uma jornalista de “analfabeta” e “idiota”.
Bolsonaro é réu sob acusação de apologia ao estupro. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por incitar publicamente a prática do crime ao dizer que Maria do Rosário não merecia ser estuprada porque a petista é “muito feia”.
O vídeo é o primeiro da nova estratégia -mais ofensiva- de Meirelles. Como mostrou a Folha de S.Paulo na terça (25), o ex-ministro da Fazenda foi orientado a adotar postura mais agressiva e duelar com os líderes das pesquisas na ausência do ex-presidente Lula. Hoje ele tem 1% das intenções de voto e se esforça para tirar sua campanha do imobilismo.
Na sequência do vídeo, Ciro Gomes é também alvo dos ataques do presidenciável do MDB. A personalidade explosiva do pré-candidato do PDT é mostrada em uma cena em que ele grita que “Lula é um merda”, em referência ao ex-presidente da República.
A comparação fica por conta do narrador, que pergunta “em qual tempo está o candidato em que você está pensando em votar? No tempo em que a mulher abaixava a cabeça para o homem?”.
Meirelles é vendido como o homem do diálogo, calma e experiência.
Desde que iniciou sua pré-campanha, Meirelles tem feito um giro pelos diretórios estaduais do MDB para tentar vencer resistências internas a seu nome e ser oficializado candidato do partido na convenção de julho.
Os auxiliares de Temer, por sua vez, avaliam que ele deve investir mais em agendas de massa, fora dos gabinetes e em nichos específicos, como os evangélicos, por exemplo.
Nesta semana, o ex-ministro deve participar de um encontro com religiosos em Recife e ampliar seus compromissos externos.
Em busca do eleitorado feminino que rejeita Bolsonaro, a pré-campanha de Alckmin também tem intensificado as críticas a falas polêmicas do adversário sobre mulheres e outras minorias.
No filme de um minuto, da série intitulada “Bolsonaro? Tô Fora!”, sem citar o presidenciável do PSL nominalmente, uma atriz diz que não pode “confiar em alguém que é a favor da violência, é machista, racista e homofóbico”. “Cara, você só fala absurdo!”, afirma.
Os auxiliares de Alckmin acreditam que, hoje, Bolsonaro é o principal rival do tucano na disputa ao Planalto. E Alckmin mira no eleitorado mais refratário ao deputado, o feminino, para tentar ampliar sua pontuação nas pesquisas.
De acordo com o último levantamento do Datafolha, Bolsonaro tem índices mais altos entre os homens (26%) do que entre as mulheres (12%).
No vídeo produzido pela pré-campanha tucana, a atriz lembra também das mais recentes polêmicas envolvendo Bolsonaro. Com um celular na mão, como se tivesse lendo o noticiário, ela diz: “Esterilizar pobre? Mulher tem que ganhar menos? E ainda gosta de torturadores?”.
Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que Bolsonaro apresentou projetos e defendeu em discursos nas últimas décadas a esterilização dos pobres como meio de combater a criminalidade e a miséria.
Em resposta, Bolsonaro colocou nas redes sociais uma edição de entrevista que concedeu à Folha de S.Paulo há mais de um ano em que rechaça a escolha de ministros de acordo com orientação sexual e afirma que todas as mulheres são inteligentes.