Data atenta para conservação dos animais
Dia 27 de abril é comemorado o Dia Mundial da Anta. Na onda da brincadeira, já chamou seu amigo meio distraído de “anta” hoje? Se ainda não, pense duas vezes antes de chamá-lo assim: a ciência humana mostra que a anta é um animal extremamente inteligente. “A anta é um animal que tem uma memória muito boa, ela se lembra onde estão as árvores frutíferas, consegue escapar de ataques de onça, consegue traçar caminhos. Ela não é um animal ‘bobo'”, explica o ecólogo que trabalha com mamíferos, Maurício Silveira.
Hoje existem ao todo cinco espécies de antas ao redor do mundo, e elas vivem em vários biomas, sendo que o Pantanal é um deles. “A importância da anta nos ecossistemas é muito grande. Ela é o dispersor de sementes, come frutos de um número muito grande de espécies, carrega em seu aparelho digestivo e dispersa. Ela é uma plantadora de árvores. Como é um mamífero muito grande, consegue engolir e dispersar sementes grandes que outros animais não conseguem”, enfatiza o ecólogo.
A data comemorada hoje existe para conservar as espécies que estão sob constante ameaça. Segundo informações da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a anta-da-montanha (Andes), a anta-centro-americana (América Central) e a anta-malaia (Indonésia) estão ameaçadas de extinção. No Pantanal, a anta-sul-americana (também conhecida como anta-brasileira) é considera vulnerável e passível de ameaça em razão de desmatamentos, caça ilegal e muitos outros problemas. “A anta precisa de uma área de vida muito grande, e quando você encontra uma anta ali é sinal de que aquela área ambiental vai muito bem. Ela também é presa da onça pintada, por exemplo, que está em extinção. É um animal muito importante para o ecossistema”, explica Maurício. Sem elas, a ameaça às árvores frutíferas do Cerrado cresce consideravelmente.
Nacionalmente existe a INCAB (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira), coordenada pela pesquisadora Patrícia Médici, que lançou a campanha “Minha Amiga é uma Anta”, desenvolvida para o público infanto-juvenil (veja o vídeo da campanha no final do post). Ela tem como objetivo despertar o orgulho pela existência da espécie no Brasil e acabar com a ideia de que a anta é um animal pouco inteligente. Sua ação também quer evitar que as antas acabem desaparecendo do nosso rerritório. “A cultura brasileira de usar anta como xingamento, com conotação pejorativa, é completamente injusta e absolutamente infundada. Ser chamado de anta é um elogio!”, defende Patrícia.