UEMS celebra Dia da Consciência Negra com índices positivos de inclusão
A UEMS foi uma das pioneiras no país
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A UEMS foi uma das pioneiras no país
Em celebração ao Dia da Consciência Negra, comemorado nesta sexta-feira (20), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) apresenta um balanço positivo sobre sua política institucional voltada a ações e programas de inclusão dessa população. O panorama indica que a Universidade Estadual promove e estimula a convivência entre diferentes grupos étnico-raciais e suas culturas com o objetivo de construir um espaço democrático e de valorização à diferença.
A UEMS foi uma das pioneiras no país a implementar, em 2003, políticas específicas para ingresso de negros e negras por meio de sistema de cotas (20% em todos os cursos e, também, 10% para indígenas), sendo que a partir de 2010 as vagas passaram a ser ofertadas pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu).
A legislação para regularizar o sistema de cotas na UEMS foi proposta pelo deputado estadual Pedro Kemp, pela lei 2.605, de janeiro de 2003. “O trabalho mobilizou debates em vários municípios junto a educadores, alunos, servidores públicos visando esclarecer à população sobre a necessidade de se implantar uma política que resgatasse a autoestima do povo negro, instituindo um mecanismo de superação do passado discriminatório, tendo o Brasil como um dos últimos países a abolir à escravidão”, recorda Kemp.
De acordo com Profa. Dra Maria José de Jesus Alves Cordeiro (Maju), coordenadora do Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia – CEPEGRE/UEMS, pode-se afirmar, de acordo com os estudos já feitos, que “em termos de acesso da população negra, a UEMS tem atingido os objetivos. Os estudos atuais estão relacionados à permanência, não só de negros/as cotistas, mas de todos discentes da UEMS”.
A coordenadora do CEPEGRE ressalta que realizar, no âmbito da Universidade, ações alusivas ao povo negro e outros grupos, não é específico de datas comemorativas, mas uma preocupação constante para a instituição. “Estas ações contribuem no empoderamento dos estudantes e, portanto, na permanência, aliadas a outras ações de cunho pedagógico, econômico e social. Consciência negra não é apenas o mês de novembro ou o dia 20, mas sim todos os dias do ano, é lutar contra o racismo e todas as formas de discriminação, explica Maju”.
Dados fornecidos pela Diretoria de Registro Acadêmico (DRA) da Universidade comprovam índices crescentes de ingresso da população negra nos cursos de graduação ofertados pela instituição. Em 2004, no primeiro ano após o sistema de cotas ser implantado na UEMS, ingressaram 240 estudantes nas 15 unidades universitárias.
Em 2008, esse índice mais que triplicou, chegando a 877 ingressantes. Em 2012, um total de 1.146 de alunos negros cotistas se tornaram acadêmicos da UEMS. Atualmente, a instituição possui 7.216 alunos matriculados (inclusive no Ensino a Distância) que ingressaram por cotas, sendo 1.108 negros(as) e 247 indígenas, correspondendo, respectivamente, a 15,4% e 3,4% do total de estudantes, em 2015.
Atividades Programadas
Ontem (19), a Unidade de Paranaíba realiza oficina sobre a Consciência Negra como forma de promover a respeito e aspectos históricos sobre a cultura negra. A atividade foi financiada pelo PNAEST, com a participação da palestrante Enedina do Amparo Alves desenvolveu ação coordenada pelo docente Ademilson Batista Paes. Hoje (20) haverá apresentação cultural e debates, em parceria com o Coletivo Thereza Affricana (confira a programação deste evento aqui).
Na semana que vem, nos dias 25 e 26, a Unidade de Campo Grande fará um evento coordenado pela professora Maria de Lourdes Silva com o tema: “Educação das Relações Étnico-Raciais: Debatendo a Consciência Negra, Novembro 2015″.
A Unidade de Dourados também irá promover na próxima quinta-feira (26), ação promovida pelos docentes Profa Maju, Prof. Edmilson e Jonathan Tibério, que realizarão, nos três turnos, durante o intervalo das aulas, atividades de grafitagem, dança de rua, rap, crônicas e poesias com grupos convidados.
Histórico
O Dia da Consciência Negra foi criado em 2003 e instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, sendo considerado feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro por completo através de decretos estaduais.
Estudos acadêmicos definem 20 de novembro de 1695 como a data em que o bandeirante Domingos Jorge Velho matou Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares, onde atualmente é a Serra da Barriga, no estado do Alagoas. A data é dedicada tanto à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira quanto para a memória do racismo sofrido pelos negros ao longo dos séculos.
É preciso destacar que estratégias para o efetivo combate do racismo no Brasil não são assunto novo. É de 1983 o primeiro Projeto de Lei (PL) que previu propostas voltadas a ações afirmativas para a população negra. A iniciativa, denominada PL nº 1.332, visava garantir o princípio de isonomia social do negro. Apenas em 2012, o Supremo Tribunal federal (STF) chancelou a constitucionalidade deste argumento, aprovando a Lei de cotas nas Universidades e Institutos federais, pois as estaduais como a UEMS já haviam dado esse importante passo.
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