Segundo funcionários, urgência não tem desfibrilador e pacientes com parada são atendidos apenas com massagem cardíaca. Conselho de Medicina confirmou irregularidade e acionou Ministério Público.

A falta de equipamentos básicos para o atendimento de urgência pode causar o fechamento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Aero Rancho. Há dois meses o posto de saúde estaria sem desfibrilador, segundo funcionários. A situação foi denunciada ao CRM (Conselho Regional de Medicina), que constatou as irregularidades.

O desfibrilador é o aparelho utilizado para reanimar pacientes em parada cardiorrespiratória. Segundo os servidores que trabalham no Aero Rancho, a unidade tem apenas um aparelho antigo que não seguraria mais carga na bateria e por isso não tem como ser utilizado.

Um homem teria falecido após os médicos passarem longo período tentando reanimá-lo apenas com a massagem cardíaca, que não foi suficiente. Além disso, há aproximadamente dois meses o teto do setor de emergência estava todo rachado, colocando em risco os pacientes.

O secretário de Saúde Municipal, Ivandro Fonseca esteve no local para verificar a situação e na ocasião disse que resolveria o problema do teto, que realmente foi solucionado. No entanto, em relação ao aparelho desfibrilador a situação continuaria sem solução.

“Todos os dias, várias pessoas vêm procurar o hospital e nós só podemos fazer o que está ao nosso alcance. É difícil atender à população se não temos condições necessárias para ajudá-la e nossa situação fica complicada”, desabafa um funcionário.

Para ele, o descaso das autoridades com a saúde é inadmissível, pois toda a população paga seus impostos para ter uma saúde de boa qualidade, bem como, os demais serviços que também estão péssimos. “A limpeza não tem, os banheiros são um caos e sem condição nenhuma de usar, cadê o dinheiro dos nossos impostos”, conclui.

Também segundo um médico, que não quis se identificar, não é só a UPA Aero Rancho que está com problemas. Para ele, os dois piores locais seriam os postos de saúde do Guanandy e da Vila Almeida que, além de não ter limpeza adequada, enfrentaria até falta de água.

Ele contou que, em um dos plantões na UBS do Guanady, não tinha nem água para lavar as mãos antes de atender aos pacientes. “Cheguei ao hospital e meu primeiro paciente era um menino com catapora. Quando fui lavar as mãos, não tinha água. Me recusei a atender outros pacientes enquanto não tivesse água para lavar minhas mãos. Como vou atender os demais se a doença é contagiosa e poderia passar para outros?”.

Segundo o Conselho Regional de Medicina, inspeção do órgão concluiu que o Estabelecimento Assistencial de Saúde João Pereira da Rosa, do bairro Aero Rancho, apresenta condições limitadas para atendimento a pacientes graves na sala de emergência.

O órgão atesta ainda que as limitações aumentam o risco de morte da população pela dificuldade que a unidade tem em estabilizar pacientes devido à restrição de disponibilidade de recursos técnicos (equipamentos), a limitações dos recursos de diagnósticos (ex. exames de sangue com processamento à distância) e a falta de leitos para acolher estes pacientes graves nos hospitais de referência da Capital (demora na remoção).

Com o laudo, o departamento de fiscalização do CRM acionou o Ministério Público, a Secretaria Municipal de Saúde e a Direção Técnica da UPA, cobrando que sejam tomadas as medidas necessárias para regularizar a situação. A Prefeitura de Campo Grande foi procurada para falar sobre as reclamações mas, até o fechamento da matéria, não se pronunciou.