Óbitos investigados aumentaram 25%
O Brasil vive um surto de febre amarela, confirmado pelo aumento vertiginoso de casos que levantam a suspeita da doença. Na segunda-feira (30), os casos que indicavam a doença, divulgados pelos Estados, eram 568. Nesta quarta-feira (1), o Ministério da Saúde afirma que são 857, um aumento de 50,88% em dois dias. Os óbitos investigados também aumentaram. Na segunda eram 64 mortes com suspeita de serem motivadas pela doença. Já nesta quarta-feira, com aumento de 25%, esse número pulou para 80.
Os Estados são Minas Gerais – que apresente maior número -, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Tocantins. Mato Grosso do Sul continua sem confirmação, de acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saúde). O caso do caminhoneiro de 39 anos, de Santa Catarina, que esteve em Bonito e em outras cidades do Estado, levantou suspeitas. Os resultados dos exames ainda não foram concluídos, conforme explicou a SES.
Vacina na Capital
Em Campo Grande, as unidades de saúde já registram filas e as pessoas, uma demora de até 1h para conseguir a imunização. Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Capital, Mariah Barros afirma que Campo Grande não corre risco de epidemia. “Não há necessidade de pânico. A vacina sempre fez parte do calendário vacinal do Estado, e por isso, a cobertura é muito boa”, assegura. Mato Grosso do Sul é um dos Estados considerados endêmicos pelo Ministério da Saúde, em razão da proximidade com matas e florestas.
Embora a cobertura seja de 90% da população em Campo Grande, como afirma a coordenadora de Vigilância epidemiológica, a procura por imunização cresce a cada dia nos 62 pontos de vacinação. As unidades que oferem imunização são as CRS’s (Centros Regionais de Saúde), UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) e UBSF’s (Unidades Básicas de Saúde da Família). Confira:
Distrito Sanitário Sul
No CRS Aero Rancho, por exemplo, a procura é grande e o tempo de espera pode chegar a uma hora. No local o atendimento começa às 7 horas, encerra às 10h45, retorna às 13 horas e segue até às 16h45.
Já na UBS Jockeu Club – Dr. Jorge David Nasser, localizado na Rua do Hipódromo esquina com Avenida Paulista, são distribuídas senhas. Pela manhã a distribuição ocorre das 7h30 às 10 horas e à tarde das 13 às 16 horas. A espera também pode chegar a uma hora.
Distrito Sanitário Oeste
A equipe de reportagem entrou em contato com o CRS Coophavilla II e foi informada de que não há vacinação contra febre amarela no local.
Conforme levantamento feito pela equipe de reportagem, na Unidade Básica de Saúde da Família Serradinho – Dra. Sumie Ikeda Rodrigues, localizada na Rua Delmiro Golveia, 427, no Bairro Centenário, o tempo de espera é de até 30 minutos.
Na Unidade Básica de Saúde Coophavilla – Dr Alfredo Neder, situada na Rua dos Recifes, o atendimento começa às 7 horas e termina às 10h30, retorna à tarde às 13 horas e segue até às 16h30. A vacinação ocorre por ordem de chegada e o tempo de atendimento é de no máximo 30 minutos.
Distrito Sanitário Norte
A equipe de reportagem entrou em contato com o CRS Nova Bahia e foi informada de que não há vacinação contra febre amarela no local.
Na UBSF Estrela Dalva – Dr. João MIguel Basmage, localizada na Avenida do Senhor do Bonfim, no Taquaral Bosque , o atendimento é das 7h15 ás 10h45 e à tarde das 13h30 às 16h45. Conforme as informações, normalmente, o tempo de espera é curto e não há fila para vacinação no local.
Já na UBS Vila Nasser – Dr. Milton Kojo Chinen, na Rua Antonio de Moraes Ribeiro, o atendimento ocorre das 7 às 10h50 e das 13 às 16h50. A fila de espera, segundo relatos, é de no máximo dez pessoas.
Distrito Sanitário Leste
Na Unidade Básica de Saúde Tiradentes – Dr. Antônio Pereira -, na Avenida José Nogueira Vieira o atendimento começa às 7 horas e encerra às 10h45. À tarde as vacinas são distribuídas das 13 às 16h45. O atendimento é de por ordem de chegada. De acordo com informações, a procura é grande e o atendimento pode demorar. No CRS Tiradentes, prédio anexo à UBS, as doses são distribuídas apenas aos sábados e domingos.
Entenda a vacinação
No total, 7,5 milhões de doses extras da vacina foram enviadas para cinco estados: Minas Gerais (3,5 milhões), Espírito Santo (1,7 milhão), Bahia (900 mil), Rio de Janeiro (700 mil) e São Paulo (700 mil). O quantitativo é um adicional às doses de rotina do Calendário Nacional de Vacinação, enviadas mensalmente aos estados, que totalizaram 650 mil no mês de janeiro.
Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da saúde, Carla Domingues explica que a vacina contra febre amarela é a medida mais importante para prevenção e controle da doença e apresenta eficácia de aproximadamente 95%, além de ser reconhecidamente eficaz e segura. “Entretanto, assim como qualquer vacina ou medicamento, pode causar eventos adversos como febre, dor local, dor de cabeça, dor no corpo, entre outros. Portanto, mesmo em um momento de intensificar as ações de vigilância da febre amarela, é necessário orientar a população quanto à necessidade de se vacinar”, explica.
Esquema de vacinação – A coordenadora orienta que duas doses, tanto para adultos quanto para crianças, são necessárias. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é de uma dose da vacina e outra de reforço, dez anos depois da primeira. As recomendações são apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina, Mato Grosso do Sul integra a lista de áreas.
Contraindicação – “A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos, levando em conta o risco de eventos adversos”, explica Carla.
Crianças – De acordo com a coordenadora, a vacina para febre amarela não deve ser aplicada ao mesmo tempo que a vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela). “Se a criança tiver alguma dose do Calendário Nacional de Vacinação em atraso, ela pode tomar junto com a febre amarela, com exceção da tríplice viral ou tetra viral. A criança que não recebeu a vacina para febre amarela nem a tríplice viral ou tetra viral e for atualizar a situação vacinal, a orientação é receber a dose de febre amarela e agendar a proteção com a tríplice viral ou tetra viral para 30 dias depois”, explica.