Prefeitura não consegue profissionais para UBS
Dormir na fila para conseguir uma senha para agendar uma consulta não foi suficiente para dezenas de pessoas no UBS (Unidade Básica de Saúde) Tiradentes. As senhas, que são distribuídas nas terças-feiras, terminaram antes que a maioria que estava na fila pudesse ser atendido. Na manhã desta terça-feira, várias pessoas que tentavam pela segunda, e até pela terceira vez, ficaram indignadas com a situação e protestaram.
A história de várias mulheres é semelhante. Algumas chegaram às 3 da madrugada, outras às 5 e às 6h30. Uma mulher, que não quis se identificar, disse que chegou às 4h e a fila já tinha mais de 50 pessoas. “Isso é um absurdo. Eles marcam só na terça e dão somente 100 senhas. Teve gente que chegou à 1 da manhã é já tinha 6 pessoas na fila. E agora a gente tem que esperar até semana que vem pra tentar de novo”, conta a vendedora Jaqueline Valim, de 27 anos.
Ela é uma das pessoas que estava nos corredores da unidade reclamando da situação. O consenso entre os populares que exigiam atendimento é que o horário fixado de atendimento é das 7h às 11h e das 13h às 16h e, todos que chegam neste horário, deveriam receber senha.
Quem esperou por horas na fila reclama do sistema adotado pela unidade: um número limitado de senhas é distribuído nas terças e quem não consegue deve voltar na próxima semana. Entretanto as pessoas reclamam que os funcionários não dão informação suficiente para a população.
“Eu cheguei às 5 horas e não consegui. Mas não é na terça que marca, tem que atender a gente na terça. Se eu chegasse às 13, eles teriam que me atender”, protesta a dona de casa Telma Rodrigues Jaques Pires, de 43 anos, que pela segunda vez não consegue senha.
Na mesma situação de Jaqueline e Telma, a dona de casa Marisete da Silva de 43 anos tentou marcar clínico para conseguir encaminhamento com especialista para a mãe de 70 anos que tem osteoporose. Há também a professora Regina Vieira, de 43 anos, que até já conseguiu encaminhamento por duas vezes com urologista para o filho de 13 anos, mas nunca foi chamado.
A diarista Maria Betania Mange, de 37 anos, que perdeu dia de trabalho pela terceira vez e não pode ficar sem mediação para pressão alta. “Sempre chego às 4 ou 5 horas e não consigo senha”. A doméstica Sueli Ribeiro de Andrade, de 43 anos, que chegou às 5h e a dona de casa Clarice Busso, de 49 anos, que precisa de encaminhamento para ortopedista. Sem senha e sem esperança de atendimento.
O gerente da unidade básica de saúde Nelson Leão explica que este é o procedimento adotado por conta do reduzido número de profissionais que atendem no local. “Colocamos 100 senhas para clínica geral, as que tínhamos foram distribuídas. Tem pessoas que não sabem como funciona”, explica. Nelson acredita que a situação pode ficar pior. “Estamos sem 3 profissionais e corremos risco de ficar com menos ainda”, alerta
Uma das mulheres que estava na fila desde às 4h e não quis se identificar, atenta para o fato de que as informações devem ser passadas à população de forma que todos entendam. “Eu trabalho até meia noite e dormi só três horas pra chegar aqui às 4 e nessa hora já tinha mais de 60 pessoas na fila.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) diz que a unidade tem autonomia para distribuição de senha. Quanto ao número de profissionais, informa que já foram chamados mais de 100 médicos entre concursados e novas contratações, mas não precisou quanto profissionais serão remanejados para o UBS Tiradentes.
Assista a um vídeo enviado por uma das pessoas que esperou na fila e não conseguiu senha. Nas imagens o gerente o CRS explica que todas as senhas foram distribuídas e várias pessoas contestam.
