Pílula de fexaramina tem poucos efeitos colaterais e ainda ajuda no tratamento do diabetes
Substância usada na queima de gordura pode demorar até dez anos para chegar às farmácias
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Substância usada na queima de gordura pode demorar até dez anos para chegar às farmácias
Você já imaginou um dia poder acordar, tomar um remédio e perder uns quilinhos sem esforço?
A novidade é que tal situação pode sair da imaginação e virar realidade quando uma molécula chamada fexaramina chegar ao mercado. Por enquanto, ela está sendo estudada por um grupo de pesquisadores americanos em camundongos obesos, mas os resultados são promissores.
Diferente das atuais classes de medicamento para tratar a obesidade disponíveis no Brasil, o remédio não é absorvido na corrente sanguínea e atua diretamente no aparelho digestivo, explica o endocrinologista Marcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas.
“O remédio estimula o gasto de energia e a queima de gordura sem esforço. Atualmente, a única forma de gastar calorias é praticando atividade física. Não temos nenhum remédio para tratar obesidade com essa ação.”
Na prática, a fexaramina estimula a produção de substâncias no intestino, alterando a composição dos ácidos biliares e, por conta desse mecanismo, desencadeia consequências metabólicas favoráveis ao organismo, como a redução de peso, esclarece Mancini.
O endocrinologista Walmir Coutinho, da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), acrescenta que a droga simula a queima de gordura do organismo, independentemente da ingestão de alimentos.
“Esse é um mecanismo totalmente novo. A única semelhança é com o orlistate, comercializado no Brasil há mais de dez anos, pois ambos não são absorvidos pelo sangue. Já no mecanismo de ação, o orlistate atua no intestino e bloqueia a absorção de apenas 30% da gordura da dieta.”
Outro benefício levantado por Mancini é que “a fexaramina também atua na redução da produção hepática de glicose, se tornando um grande potencial para tratar diabetes”.
“O tratamento do diabetes e da hipertensão conta com várias classes de medicamentos que podem ser administradas simultaneamente e essa também é a tendência de combater a obesidade. Desde que não aumente os efeitos colaterais, a ideia é usar vários remédios que atuem em frentes diferentes do organismo. Isso só traria benefícios ao paciente.”
Apesar dos resultados promissores, Coutinho avisa que o novo medicamento não será indicado para todos os obesos.
“Ainda não sabemos qual será a indicação para os humanos. Nesta fase de estudos, os camundongos comiam à vontade e perdiam peso. No entanto, como acontece com os outros remédios para emagrecer, a recomendação é que a pílula atue como auxiliar de um programa de mudança de hábitos.”
Sobre os efeitos colaterais, o endocrinologista da SBEM afirma que “espera-se que tenham poucos, já que a droga não atua no sistema nervoso central nem no sistema cardiovascular”.
A notícia ruim é que o medicamento pode demorar de cinco a dez anos para chegar ao mercado brasileiro. A próxima etapa da pesquisa é testar a droga em humanos saudáveis. Se tudo der certo, segue para a fase de avaliar as diferentes doses do medicamento para se estabelecer a melhor relação entre risco e benefício. Depois disso, começa a fase 3, que consiste em estudar o remédio em milhares de pacientes do mundo para estabelecer a eficácia e segurança.
Os resultados do estudo até agora sugerem que a substância é a nova aposta para tratar a obesidade e a síndrome metabólica [conjunto de doenças, como obesidade, hipertensão, diabetes, dislipidemia].
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