O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), foi até as redes sociais na tarde desta quarta-feira (12) ‘rasgar elogios’ a nomeação da servidora Natália Trevizan pelo cargo como diretora da agência do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) de Ivinhema.
Conforme publicado pelo Jornal Midiamax, Trevizan é esposa do empresário David Augusto da Silva Martin dos Santos, alvo da Operação Contrafação, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que investigou transferência de caminhonete de luxo com documentação falsa no próprio Detran-MS.
Ferro seria amigo de David e os dois foram proprietários do veículo, ainda que sem registro formalizado em nome de qualquer um deles. O prefeito preferiu não se manifestar sobre os laços de amizade e a nomeação de Trevizan no cargo quando questionado pelo Jornal Midiamax nesta tarde, em horário anterior à publicação.
“É com imensa satisfação que anunciamos a nomeação de Natália Trevisan como diretora do Detran de Ivinhema. Natália é uma profissional exemplar, conhecida por sua competência e dedicação”, postou o prefeito influencer nas redes sociais.
“Além de sua destacada carreira profissional, Natália é uma mulher batalhadora que luta por seus princípios e por sua família”, destaca. Segundo o apurado pela reportagem, a nomeação de Natália teria sido um pedido do próprio prefeito.
Conforme publicado no DOE-MS (Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do Sul) nesta quarta-feira (12), Natália Trevizan foi nomeada para exercer o cargo em comissão de Direção Intermediária e Assessoramento, símbolo CCA-13, na função de Gerente de Agência III, no Departamento Estadul de Trânsito de Mato Grosso do Sul. Consta no Portal da Transparência que o salário do cargo é de R$ 1.658,64 por 40 horas.
O Jornal Midiamax também acionou o Governo de MS, o Detran-MS e o diretor-presidente do Detran, Rudel Trindade, acerca das informações sobre o cargo e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Operação Contrafação
As investigações revelaram que uma caminhonete de luxo acabou tendo sua transferência efetivada para o nome de dois policiais militares de Mato Grosso do Sul, baseada em documentação falsificada. Anteriormente, o veículo era de Juliano e depois foi comprado por David.
A transferência aos policiais ocorreu em junho de 2023, perante o Detran em Maracaju. Todavia, o proprietário da caminhonete junto ao órgão de trânsito já havia falecido há mais de 3 anos, o que demonstra a falsificação.
O Gaeco cumpriu oito mandados judiciais de busca e apreensão domiciliar, um mandado de busca e apreensão de veículo e intimações acerca da imposição de medidas cautelares alternativas diversas da prisão.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, foram apreendidos R$ 79 mil em dinheiro, além de armas, carregadores e munições. David teve o celular apreendido. Outro empresário foi levado para a delegacia por posse de arma.
‘Bens ocultos’
Após o depoimento que citou a compra feita por Juliano Ferro, o prefeito é investigado por ocultação de bens. Portaria assinada pelo delegado Marcelo Guimarães Mascarenhas, instaurou inquérito de investigação para apurar supostas omissões de bens do candidato.
Assim, o inquérito aponta que o tucano teria posse de dois carros avaliados em R$ 800 mil e não declarados à Justiça Eleitoral no registro de candidatura para o pleito de 2024.
Na época, o delegado afirmou que existem elementos plausíveis de “posse, propriedade e disponibilidade” dos veículos Silverado e Dodge Ram “tudo em ao menos no corrente ano até a data de 19/08/2024, portanto em data anterior e também posterior a sua declaração eleitoral de bens”.
Contudo, na declaração de bens à Justiça Eleitoral, o candidato à reeleição listou apenas três veículos. Sendo um Gol de R$ 26 mil, um Uno Mile de R$ 20 mil e uma caminhonete F1000 de R$ 50 mil.
Naquela época, o prefeito afirmou estar ciente da investigação e pontuou que já prestou declarações à Polícia Federal.
“Eu não coloquei a Dodge Ram na minha declaração de bens, porque eu já tinha vendido, eu mexo com a compra e venda de carro há 20 anos. E não coloquei a Silveirado que foi compra da pessoa investigada, porque ela não tem documento liberado, ele falou que ia liberar o documento em dezembro e eu ia pagar ela em janeiro, entendeu? Já dei minha declaração, meu depoimento para Polícia Federal”, disse.
2ª operação em 15 dias
A segunda operação do Gaeco no município aconteceu num período de 15 dias e teve como alvo a casa do prefeito. Além disso, a PF teria ido no mercado e garagem do grupo Alvorada.
O proprietário ganhou repercussão após debochar da PF por ter apreendido uma caminhonete Silverado. Em vídeo gravado pescando com amigos em uma lancha, o rapaz diz que já encomendou outra.
A caminhonete havia sido comprada pelo prefeito na garagem Alvorada. A venda da Silverado ao prefeito do PSDB foi citada em depoimento de investigado na operação da PF. Conforme o depoimento, Ferro teria dado cheque de R$ 380 mil pelo veículo.
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