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Transparência

‘Quer um TAC?’ MPMS estuda acordo para livrar Patrola de processo por rodovia ‘despedaçada’

Ministério Público pode enterrar investigação que apura irregularidades em obra de R$ 54 milhões de empreiteiro denunciado por corrupção
Gabriel Maymone -
Rodovia MS-228, executada pela empreiteira de Patrola (detalhe) está intrafegável. (Reprodução)

Dois anos e sete meses depois, investigação sobre possíveis irregularidades na construção da rodovia MS-228, no Pantanal, pode terminar ‘em pizza’. Isso porque o MPMS (Ministério Público de ) iniciou o processo para realizar acordo com a Andre L. dos Santos (CNPJ 08.594.032/0001-74), de André Luiz dos Santos, o Patrola.

Vale ressaltar que o próprio MPMS denunciou Patrola, recentemente, por corrupção, no contexto da Operação Cascalhos de Areia, justamente por desvios que ocorriam em obras no município de .

Conforme despacho no dia 27 de maio, nos autos do Inquérito Civil, o promotor de Justiça Pedro de Oliveira Magalhães acionou o Compor (Centro de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica) para “auxiliar esta 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá nas tratativas extrajudiciais do presente caso”.

Trata-se de um setor novo dentro do MPMS, lançado no início deste ano, que, segundo o próprio órgão, foi criado para “para adotar e incentivar métodos como a negociação, a mediação, a conciliação, as práticas restaurativas e as convenções processuais”. Ou seja, para evitar judicializar o caso.

Até o momento, o Compor intermediou um acordo entre o município de Campo Grande e a Santa Casa. Além disso, atua em questões vinculadas a grandes empreendimentos, como a instalação de multinacionais da celulose e da Rota Biocânica, no município de .

O órgão é dirigido pela alta cúpula do MP, tendo o PGJ (procurador-geral de Justiça) Romão Ávila Milhan Júnior como presidente e o procurador jurídico Alexandre Magno Benites de Lacerda — que está em processo de nomeação para o Conselho Nacional do MP — como coordenador-geral.

Leia também – Rota do Patrola: empreiteiro comprou fazendas perto de rodovia que construiu para Agesul

MPMS atestou falhas na rodovia, mas quer acordo

Pontos alagados em trecho da MS-228, por falta de drenagem. (Reprodução)

Estrada ‘caindo aos pedaços’, cheias de erosõespontos inundados sem condições de tráfego. Essa é a realidade de trecho de 90 km da rodovia MS-228, no Pantanal. Assim, Patrola já recebeu R$ 54.157.489,00 pela execução da obra, que está paralisada no momento.

A conclusão das condições da via é da equipe técnica do MP e faz parte de Inquérito Civil que apura a regularidade da obra, em Corumbá, cidade a 425 km de Campo Grande. O documento foi anexado aos autos no último dia 17 de janeiro, no entanto, trata-se de vistoria realizada em agosto do ano passado.

As condições de trafegabilidade estão tão precárias, que a equipe técnica nem sequer conseguiu percorrer todo o trecho da rodovia implantada pela empreiteira de Patrola.

Assim, o relatório cobra medidas emergenciais por parte da Agesul (Agência Estadual de Empreendimentos de MS) para, ao menos, o local voltar a ficar trafegável.

Para isso, são necessários reparos em problemas como inúmeros pontos de erosões ao longo da via e falta de drenagem, o que acarreta áreas inundadas em vários locais.

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Obras paradas há quase dois anos

A paralisação iniciou-se em junho de 2023, depois que o Jornal Midiamax denunciou irregularidades em obras tocadas por Patrola no Pantanal. Inclusive, revelando que o empreiteiro comprou fazendas no entorno de rodovias nas quais ganhou contratos milionários para asfaltar ou cascalhar.

Recentemente, a Agesul prorrogou a paralisação das obras até junho de 2025.

Depois disso, o TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) mandou paralisar as obras na MS-228 e MS-214 por falta de licença ambiental.

O que o Midiamax denunciou em uma série de reportagens desde junho foi o desmatamento desenfreado e ilegal em várias áreas no Pantanal. O empreiteiro Patrola, por exemplo, é dono de fazenda que fica às margens da MS-228, em que tem contratos firmados para obras.

Erosões estão presentes em vários pontos da MS-228, em trechos executados pela empreiteira de Patrola. (Reprodução)

À reportagem, a Agesul informou que a nova prorrogação da paralisação se dá por conta de problemas com fornecedores. “A medida foi necessária devido à busca por um novo fornecedor de jazida de materiais para atender à demanda da implantação do revestimento primário deste projeto”. Assim, explicou que “a jazida anteriormente licenciada para o fornecimento do material encontra-se esgotada, exigindo a identificação de uma nova fonte que atenda às especificações técnicas”.

Por fim, disse que a Agência “está empenhada em resolver a questão com a maior brevidade possível, garantindo a retomada dos trabalhos e a continuidade do projeto dentro dos padrões de qualidade e sustentabilidade estabelecidos”.

Patrola é denunciado por corrupção

Em 2023, Patrola e outros empreiteiros foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por desvios em contratos de cascalhamento e locação de máquinas que ultrapassam R$ 300 milhões, segundo investigações.

Também figuram entre os denunciados o ex-secretário de obras da Prefeitura de Campo Grande, Rudi Fioresi, empreiteiros, supostos laranjas da organização criminosa e servidores.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, no total, 12 pessoas foram denunciadas por crimes como peculato, corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

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