Justiça põe ‘Supergirl’ do Detran-MS em liberdade, mas mantém prisão de despachante
David Cloky Hoffman Chita tem mandado de prisão e está foragido
Fábio Oruê –
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A Justiça concedeu liberdade a Yasmin Osório Cabral, a Supergirl do Detran-MS (Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul), conforme publicação do Diário da Justiça desta quinta-feira (9). Na mesma decisão foi mantida a prisão de David Cloky Hoffman Chita, despachante foragido que suspeito de chefiar esquema de fraude no órgão de trânsito.
Yasmin conseguiu conversão da prisão preventiva para domiciliar e foi para casa com tornozeleira no dia 22 de agosto, após ficar presa por dois meses e meio. A defesa da servidora fez o pedido com base na gravidez de Yasmin.
Assim, com a comprovação da gestação, foi concedida a domiciliar de Yasmin mediante monitoramento eletrônico da tornozeleira. Yasmim continua com monitoramento eletrônico, apesar da liberdade provisória.
Para revogar a prisão preventiva, a Justiça considerou que não há mais requisitos para a medida cautelar. “O crime, em tese praticado, não é daquele cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. A segregação cautelar até o momento mostra-se suficiente a desestimular conduta semelhante, sobretudo ante a sua natureza”, diz trecho da decisão.
A Justiça também determinou que ela não acesse prédios do Detran-MS e não tenha contato com servidores do órgão ou com testemunhas do processo. Qualquer descumprimento desses itens pode acarretar nova prisão preventiva.
Yasmim estava lotada por último na Corregedoria de Trânsito (Cotra) do Detran-MS. Ela foi nomeada ‘Supergirl heroína do trânsito’ em eventos educativos do Detran-MS.
Despachante foragido
A decisão também trouxe a manutenção da prisão de David Cloky Hoffmam Chita, que está foragida. Mandado de prisão é em decorrência de investigação por participar de esquema em que teria lucrado ao menos R$ 290 mil com fraudes no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). Ele é um dos implicados na Operação Vostok, deflagrada em 2018 contra esquema de pagamento de propinas da JBS a autoridades estaduais.
Conforme investigação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), David teria conseguido liberar documentações de pelo menos 29 veículos com restrições. O esquema envolvia ainda participação de Yasmin Osório Cabral, servidora comissionada no órgão, que foi suspensa das funções pelo período de seis meses – a contar a partir de 12 de junho de 2024.
Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão de documentos na casa do despachante, os policiais não encontraram David e foram informados de que ele teria viajado havia cerca de dois meses com a esposa para o estado de São Paulo. Então, o mandado de prisão não foi cumprido e ele está foragido.
Após a apreensão dos documentos operação do Dracco durante operação, a Justiça expediu pedido de prisão contra Yasmin pela juíza da 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal, e cumprido na noite do dia 6 de julho, na casa dela, no bairro São Lourenço, em Campo Grande. Depois, ela acabou sendo levada ao presídio ‘Irmã Irma Zorzi’.
Ela recebia propina para, clandestinamente, dar baixas em caminhões com restrições, em fraude cometida em conjunto com o despachante David Cloky Hoffaman Chita. Conforme relatório de investigação policial, que está em sigilo e o qual o Jornal Midiamax teve acesso, David pagava Yasmin pelos serviços. Foi apurado que ela ganhou iPhone 15 Pro Max – que foi entregue a ela em uma cesta dentro do Detran-MS, joia e eletrônicos como ar-condicionado e televisão, além de valores em dinheiro no Pix.
Delação premiada
O despachante David Cloky Hoffaman Chita, apontado como operador de um esquema de corrupção no Detran-MS (Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul), aponta Beto Pereira, candidato do PSDB a prefeito de Campo Grande e deputado federal, como chefe da organização que atuava no Detran-MS para usar o dinheiro desviado na atual campanha eleitoral.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax, David garante que fugiu porque corre grave risco de vida em Mato Grosso do Sul, principalmente se for parar nas unidades prisionais do Estado.
Como funcionava esquema de fraude no Detran-MS
O despachante recebia informações de servidores do Detran-MS sobre caminhões que estavam com restrições administrativas e, então, abordavam os proprietários dos veículos. Para liberar a documentação, cobravam R$ 10 mil pelo ‘serviço’.
Apesar de não ser função da servidora acessar o sistema que libera veículos, ela se utilizava da senha de outro servidor. Além de David, os despachantes Hudson Romero Sanches e Edilson Cunha Nogueira também acessaram documentos dos veículos que foram liberador irregularmente.
Assim, o relatório coloca David como provedor e coordenador das operações, ele apontava quais veículos era para dar baixa, assim como era responsável pela captação de clientes e distribuir os valores obtidos ilicitamente.
Já Yasmin era a servidora dentro do Detran-MS que conseguiu clandestinamente acesso ao sistema e liberar as restrições, bem como levantar os veículos que poderiam ser alvo do grupo. Hudson também era responsável por baixar os documentos já liberados, assim como ajudar na seleção de veículos alvos da fraude. Por fim, Edilson auxiliava David na tentativa de download de documentos e tinha escritório compartilhado com ele.
Confira nota emitida pelo Detran-MS sobre o caso: “A investigação em questão corre sob sigilo de justiça, de maneira que, como determina o devido processo legal, afastamentos e demais processos administrativos, cíveis ou criminais, devem ser tratados como prevê a legislação.
O Detran-MS reforça que colabora com os órgãos de controle, interno e externo, para garantir apuração célere e punição rigorosa de eventuais servidores envolvidos em quaisquer práticas ilegais e/ou criminosas.
Reiteramos que a identificação de atividade ilícita que culminou com as investigações em curso, só foi possível graças ao monitoramento ininterrupto feito pelo Departamento de Trânsito, que identifica ações ou operações atípicas dos servidores, gerando alertas para os departamentos responsáveis investigarem mais a fundo“.
Yasmin foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre as acusações, mas não enviou resposta até a publicação dessa reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Operação Vostok
Deflagrada pela PF (Polícia Federal) em setembro de 2018, a Operação Vostok teve objetivo de combater um esquema de pagamento de propina a representantes da cúpula dos Poderes Executivo e Legislativo estaduais, além do Tribunal de Contas do Estado, no Mato Grosso do Sul.
As investigações foram iniciadas tendo por base os termos de colaboração premiada de executivos de uma grande empresa do ramo frigorífico. Os colaboradores detalharam os procedimentos adotados junto ao governo do Estado para a obtenção de benefícios fiscais – TAREs.
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