Peça central nas investigações que revelaram esquema de fraudes no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), o servidor Thiago Augusto Zanato Sandim foi nomeado para chefiar setor de controle de veículos no órgão.
A nomeação para chefiar órgão que lida diretamente com liberação e restrição de veículos se dá em meio a investigação da corregedoria do órgão contra o servidor. A informação foi confirmada por meio de e-mail oficial da comunicação do Detran-MS: “A Corregedoria de Trânsito do Detran-MS apurando a responsabilidade funcional, instaurou, desde o conhecimento dos fatos, procedimento administrativo em desfavor tanto do servidor Thiago Augusto Zanato Sandim, o qual encontra-se em trâmite normal do processo”
Assessor direto de Priscila Rezende de Rezende, prima do deputado federal Beto Pereira (PSDB), Thiago teve sua senha funcional utilizada pela servidora Yasmin Osório Cabral para retirar restrições de veículos do sistema em esquema que levantou mais de R$ 2 milhões ao cobrar propina de proprietários de caminhões barrados pelo 4º eixo.
Conforme inquérito do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), as investigações começaram após Thiago procurar a Corregedoria do Detran-MS para denunciar que teve senha funcional violada.

Em depoimento à polícia, ele contou que Yasmin pediu para ele auxiliá-la com um favor pessoal para consultar débito de um veículo de uma amiga.
Então, o servidor aceita utilizar sua função para fazer esse favor pessoal para Yasmin. Logo, diz que acessou o sistema com a senha dele no computador de Yasmin e que ‘deve ter esquecido’ o sistema aberto com o login dele.
Apesar de haver processo em ‘trâmite normal’ na corregedoria, portaria assinada pelo diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Espíndola Trindade Júnior, designa Thiago para chefiar o setor, com efeitos a contar a partir de 24 de janeiro.
No entanto, o servidor é nomeado para o cargo comissionado em 13 de março.
No inquérito policial, Thiago é colocado apenas como testemunha.

Leia também – Supergirl do Detran-MS foi de heroína do trânsito a suspeita de cobrar propina por fraude
Substituto de Priscila Rezende
Assessor direto de Priscila Rezende, Thiago ocupou a diretoria da Dirve em duas ocasiões no ano passado, em virtude das férias da titular. Conforme consta em diário oficial, a primeira no período de 29 de janeiro a 16 de fevereiro e a segunda entre os dias 14 a 23 de outubro.

Conforme vídeo gravado pelo despachante David, o esquema de fraudes no Detran-MS teria a cúpula do PSDB como cabeças. Ele citou envolvimento do ex-prefeito – e ex-adjunto do órgão – Juvenal Assunção, e do deputado federal Beto Pereira, que é primo de Priscila.
Assim, afirmou que Beto teria articulado a nomeação da prima, que ocorreu pouco tempo após uma reunião entre os dois a qual ficou acertado o papel de cada um no esquema.
Segundo David, o papel de Priscila era proteger e garantir que o esquema seguisse sem problemas.

De acordo com David, Priscila seria uma das integrantes do esquema que supostamente teria recebido ‘blindagem’ em todas as investigações sobre as fraudes e corrupção no Detran-MS, pelo fato de ser parente de Beto Pereira.
Na época, a reportagem tentou obter pessoalmente o posicionamento de Priscila sobre a acusação. Na sede do Detran-MS, a equipe encontrou com Priscila, mas foi interrompida rispidamente pelo diretor-executivo do órgão, João César Mattogrosso. Em seguida, a assessoria de comunicação pediu para que os dois diretores se retirassem.
STJ mantém pedido de prisão contra despachante foragido
Há, contra o despachante um mandado de prisão preventiva, aquele que não tem data definida para expirar. Antes, os ex-advogados do foragido tentaram convencer o STJ (Superior Tribunal de Justiça) a revogar o pedido de prisão de David Chita, que negou o recurso. O despachante é tido como foragido desde o dia 12 de junho do ano passado.
✅ Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram
Como funcionava esquema de fraude no Detran-MS
O despachante recebia informações de servidores do Detran-MS sobre caminhões que estavam com restrições administrativas e, então, abordavam os proprietários dos veículos. Para liberar a documentação, cobravam R$ 10 mil pelo ‘serviço’.
Assim, o relatório coloca David como provedor e coordenador das operações, ele apontava quais veículos era para dar baixa, assim como era responsável pela captação de clientes e distribuir os valores obtidos ilicitamente.
Já Yasmin era a servidora dentro do Detran-MS que conseguiu clandestinamente acesso ao sistema e liberar as restrições, bem como levantar os veículos que poderiam ser alvo do grupo.
Confira nota emitida pelo Detran-MS sobre o caso: “A investigação em questão corre sob sigilo de justiça, de maneira que, como determina o devido processo legal, afastamentos e demais processos administrativos, cíveis ou criminais, devem ser tratados como prevê a legislação.
O Detran-MS reforça que colabora com os órgãos de controle, interno e externo, para garantir apuração célere e punição rigorosa de eventuais servidores envolvidos em quaisquer práticas ilegais e/ou criminosas.
Reiteramos que a identificação de atividade ilícita que culminou com as investigações em curso, só foi possível graças ao monitoramento ininterrupto feito pelo Departamento de Trânsito, que identifica ações ou operações atípicas dos servidores, gerando alertas para os departamentos responsáveis investigarem mais a fundo“.
Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!
Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!
E pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.
Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.