Intrafegável: Obra de Patrola em rodovia que custou R$ 54 milhões está ‘caindo aos pedaços’

Equipe técnica do MP cobra medidas urgentes para liberar trechos intrafegáveis da MS-228 no Pantanal

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Rodovia MS-228, executada pela empreiteira de Patrola, está intrafegável (Reprodução)

Estrada ‘caindo aos pedaços’, cheias de erosões e pontos inundados sem condições de tráfego. Essa é a realidade de trecho de 90 km da rodovia MS-228, no Pantanal. A empreiteira Andre L. dos Santos (CNPJ 08.594.032/0001-74), de André Luiz dos Santos, o Patrola, já recebeu R$ 54.157.489,00 pela execução da obra, que está paralisada no momento.

Denunciado recentemente por corrupção, Patrola é apontado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) como ‘laranja’ de políticos.

A conclusão das condições da via é da equipe técnica do MP e faz parte de Inquérito Civil que apura a regularidade da obra, em Corumbá, cidade a 425 km de Campo Grande. O documento foi anexado aos autos no último dia 17 de janeiro, no entanto, trata-se de vistoria realizada em agosto do ano passado.

As condições de trafegabilidade estão tão precárias que a equipe técnica sequer conseguiu percorrer todo o trecho da rodovia implantada pela empreiteira de Patrola.

Assim, o relatório cobra medidas emergenciais por parte da Agesul (Agência Estadual de Empreendimentos de MS) para, ao menos, o local voltar a ficar trafegável.

Leia também – Rota do Patrola: empreiteiro comprou fazendas perto de rodovia que construiu para Agesul

Equipe técnica do MPMS cobra medidas urgentes na MS-228 (Reprodução)

Para isso, são necessários reparos em problemas como inúmeros pontos de erosões ao longo da via e falta de drenagem que acarreta pontos inundados em vários pontos.

Em outro ponto, a equipe técnica rebate justificativa da Agesul para abrir a rodovia naquele local. “A justificativa da AGESUL para ampliação da malha rodoviária na região é de que a implantação da Rodovia MS-228 proporcionaria uma melhora na logística e consequente redução do custo de transporte, com contínuos investimentos na boa qualidade de rodovias não-pavimentadas. No entanto, de acordo com a vistoria técnica realizada pela equipe do DAEX, foi possível constatar, a partir do trecho da região do Chatelado, péssimas condições de trafegabilidade na rodovia implantada e significativa degradação ambiental“.

Pontos alagados em trecho da MS-228 por falta de drenagem (Reprodução)

A reportagem acionou oficialmente a Agesul para se pronunciar sobre as condições da rodovia apontada no inquérito civil do MP, bem como as providências que está adotando em relação à situação. Porém, não houve resposta até esta publicação.

A empreiteira de Patrola também foi oficialmente acionada pela reportagem, através de endereço eletrônico cadastrado junto à Receita Federal. Porém, não obtivemos retorno.

O espaço segue aberto para manifestações. As informações constam em documentos públicos e portal transparência do Governo de Mato Grosso do Sul.

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Obras paradas há quase dois anos

A paralisação iniciou em junho de 2023, depois que o Jornal Midiamax denunciou irregularidades em obras tocadas por Patrola no Pantanal. Inclusive, revelando que o empreiteiro comprou fazendas no entorno de rodovias as quais ganhou contratos milionários para asfaltar ou cascalhar.

Recentemente, a Agesul prorrogou a paralisação das obras até junho de 2025.

Depois disso, o TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) mandou paralisar as obras na MS-228 e MS-214 por falta de licença ambiental.

O que o Midiamax denunciou em uma série de reportagens desde junho foi o desmatamento desenfreado e ilegal em várias áreas no Pantanal. O empreiteiro Patrola, por exemplo, é dono de fazenda que fica nas margens da MS-228, onde tem contratos firmados para obras.

Erosões estão presentes em vários pontos da MS-228, em trechos executados pela empreiteira de Patrola (Reprodução)

À reportagem, a Agesul informou que a nova prorrogação da paralisação se dá por conta de problemas com fornecedores. “A medida foi necessária devido à busca por um novo fornecedor de jazida de materiais para atender à demanda da implantação do revestimento primário deste projeto”. Assim, explicou que “a jazida anteriormente licenciada para o fornecimento do material encontra-se esgotada, exigindo a identificação de uma nova fonte que atenda às especificações técnicas”.

Por fim, disse que a Agência “está empenhada em resolver a questão com a maior brevidade possível, garantindo a retomada dos trabalhos e a continuidade do projeto dentro dos padrões de qualidade e sustentabilidade estabelecidos”.

Patrola é denunciado por corrupção

Em 2023, Patrola e outros empreiteiros foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por desvios em contratos de cascalhamento e locação de máquinas que ultrapassam R$ 300 milhões, segundo investigações.

Também figuram entre os denunciados o ex-secretário de obras da Prefeitura de Campo Grande, Rudi Fioresi, empreiteiros, supostos laranjas da organização criminosa e servidores.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, no total 12 pessoas foram denunciadas por crimes como peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.

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