Mais uma vez, a mobilidade urbana de Campo Grande é questionada e a ‘briga’ antiga de motoristas contra ciclistas volta à tona. Enquanto isso, projetos de lei protocolados nos últimos cinco anos na Câmara de Campo Grande prometem conscientização sobre os ciclistas. No entanto, não focam em ciclovias e ciclofaixas na Capital.
Ciclista atropelada na última semana na Capital desencadeou questionamentos e reforçou a cobrança por ciclovias nas ruas campo-grandenses. De 2021 a 2025, pelo menos seis projetos de lei abordaram bicicletas nos temas da Câmara de Campo Grande.
Entre eles, um que previa o Programa Manobra que Salva — para conscientização sobre abertura de portas de carros. Houve veto da matéria.
Outro criou o dia de conscientização do ciclista em Campo Grande. Além disso, havia um projeto para instalação de bebedouros pela cidade, visando à prática esportiva e ciclistas.
Acidente que matou a ciclista Emmanuele Gorski gerou matéria na Casa de Leis. Logo, virou lei que denominou a ciclovia com o nome da jovem.
Atualmente, dois projetos tramitam na Casa de Leis e abrangem o meio de locomoção.
O projeto de lei nº 11723/2025 cria o Programa Campo Grande para Todos. Proposto por Marquinhos Trad (PDT), o texto prevê a implantação e melhorias de ciclovias na cidade.
Já o projeto de lei nº 11778/2025 dispõe sobre a intermodalidade e o transporte de bicicletas em veículos do transporte coletivo público. Assim, o vereador Jean Ferreira (PT) busca integrar diferentes meios de transporte.
VÍDEO: Ciclista filmou próprio atropelamento após discutir com motorista em Campo Grande
Projetos vagos
As proposições citam ciclovias e programas para ciclistas. No entanto, usuários do meio de transporte consideram os projetos vagos. Pedro Garcia, do Bici nos Planos, questiona a praticidade dos projetos.
“Se cria muito projeto que é muito vago, os projetos que realmente vão fazer a diferença não são regulamentados e aqueles que foram regulamentados, não são fiscalizados”, criticou. Para o representante, isso é um “ciclo vicioso, que no fim das contas continua tudo do mesmo jeito”.
Um dos últimos projetos aprovados em Campo Grande para os ciclistas é o Programa Bike CG. “É muito vago, tá lá escrito aprovado, mas ele não explica como como vai ser feito isso”, exemplificou Pedro.
Ciclovias são a solução?
A implementação de ciclovias é um processo de respeito ao ciclista, afirma Pedro. Ao Midiamax, ele apontou que a segurança no uso da bicicleta é uma combinação.
“Se a gente colocar ciclovia para tudo quanto é canto, vai ter conflito com o motorista, o motorista não vai saber lidar com o ciclista. O ideal mesmo é respeitar o ciclista, ter o respeito”, destacou.
Porém, pontuou que políticas públicas são essenciais. “Só vai funcionar quando houver políticas públicas verdadeiras, que promovam o uso da bicicleta, respeite a bicicleta, estrutura necessária (ciclovias, ciclofaixas, cicloviárias, pontos de apoio, ciclovias arborizadas), melhorar o sistema de transporte público e quando”, disse.

Regulamentação
O representante do Bici nos Planos destacou que, apesar da aprovação, os projetos convertidos em leis acabam não regulamentados. “Muitos deles não estão regulamentados por falta de interesse do executivo. O executivo não é só da prefeita atual, mas de prefeitos anteriores”, explicou.
Listagem do grupo aponta que sete, das nove leis aprovadas ao longo de 10 anos que tratam do uso de bicicletas em MS, não estão regulamentadas efetivamente.
Confira a lista:
Emendas para ciclovias
Por fim, o tema também é abordado na Casa de Leis por meio de emendas. O Orçamento de 2025 de Campo Grande possui pelo menos duas emendas destinadas para ciclistas.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) possui emenda de R$ 2 milhões que visa à execução do programa Avançar Cidades. O valor deve ampliar a estrutura viária das ciclovias existentes, e construir ao menos um bicicletário em cada região de Campo Grande.
Ademais, o vereador Carlão (PSB) destinou R$ 1 milhão para infraestrutura de ciclovias. Conforme a emenda, serão 11,35 km de ciclovias em Campo Grande.