Dezoito é o número de acidentes registrados a cada quilômetro da BR-163 em Mato Grosso do Sul desde 2014, período que marca o início da rodovia sob os cuidados da CCR MSVia. Com exatidão, são 18,7 incidências por quilômetro, considerando os 845,9 km de extensão da via que corta o Estado de sul a norte.
A matemática é simples: ao longo de 11 anos, mais de 15,8 mil ocorrências foram registradas na rodovia, em um surpreendente resultado que expõe a frequência de acidentes na estrada sob os cuidados da concessionária — que pode renovar a responsabilidade na quinta-feira (22), data do leilão de reestruturação do contrato da estrada.
Os registros citados são da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), com informações de acidentes por quilômetro ao longo da rodovia. Os dados utilizados para a reportagem têm recorte de outubro de 2014 até janeiro de 2025.
Assim, a média de acidentes anual é de 1,4 mil. Ou seja, são 119 ocorrências mensais. Se pensarmos em registros diários, são quase quatro.
A base de dados não detalha as causas dos acidentes ou gravidade. Contudo, de forma recorrente, o Jornal Midiamax noticia, lamentavelmente, acidentes na BR-163.
No Dia das Mães deste ano, Carmen Luce Pimentel Castro, de 38 anos, faleceu em acidente na BR-163 em MS. A mulher comemorou dias antes a viagem que terminou precocemente com a fatalidade em Douradina, a 192 quilômetros de Campo Grande.
Em 2024, o Jornal Midiamax publicou reportagem que aponta uma morte na BR-163 a cada 35h em MS. Dado alarmante, o qual aponta o perigo da rodovia que cruza o Estado. O contexto evidencia uma prioridade a quem arrematar a concessão: garantir a segurança e conservação da qualidade viária por meio de duplicações, sinalização e outras benfeitorias — que não sairão de graça aos condutores.
Duplicações
A BR-163 em MS, segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte), está em bom estado. Contudo, possui trechos regulares perto da divisa com o Paraná. Ademais, vale pontuar que a pesquisa não considera nenhum dos pontos da rodovia como ótimo na classificação.
Mais de 80% da estrada não é duplicada no Estado. Ao longo dos 11 anos de concessão, a CCR MSVia duplicou 150,4 dos 845,9 quilômetros de extensão da rodovia. Ou seja, a concessionária entregou duplicação em apenas 17% da rodovia.
Além disso, vale pontuar que as duplicações pararam em 2018. Foram 86,3 km duplicados em 2015, outros 13,5 km em 2016, mais 38,8 km em 2017 e outros 11,6 km em 2018.
Percebe-se que a maior entrega de duplicação aconteceu logo em 2015, quando a Concessionária buscava regularização para início das operações comerciais. Isso porque tinha obrigação da entrega de 10% do total de duplicações previstas no Programa de Exploração da Rodovia.
Então, acelerou a duplicação dos 86,3 quilômetros entregues em janeiro de 2015. Em setembro daquele mesmo ano, começou a cobrar pedágio aos condutores que passavam por MS.
Desde então, a CCR MSVia iniciou obras de duplicação e as mantêm paralisadas no Estado. Os dados são do último relatório mensal da Concessionária, disponibilizado pela ANTT em abril de 2025.

Bilionária
Com a falta de duplicação e acidentes na rodovia, a concessão bilionária foi alvo de questionamentos em MS. No primeiro semestre de 2025, houve registro de duas solicitações para suspensão temporária da cobrança do pedágio na BR-163 em Mato Grosso do Sul.
Uma delas trata de denúncia encaminhada ao MPF (Ministério Público Federal). Assim, deputados estaduais de MS apontam que a captação de recursos para a BR-163/MS entre 2014 e 2017 é de quase R$ 4 bilhões para a CCR MSVia.
Por outro lado, o investimento da concessionária na estrada é de R$ 1,8 milhão ao longo de 10 anos. O número confirmado pela CCR MSVia em documento oficial é ainda menor do que o apontado pela denúncia. Demonstrativo financeiro auditável da CCR MSVia aponta que 19,5 milhões de veículos transitaram na rodovia durante 2024. Apenas no ano passado, a concessionária arrecadou R$ 229 milhões com pedágio em Mato Grosso do Sul.
Repactuação e leilão
Então, houve manifestação para relicitação da concessão. Os questionamentos e as solicitações chegaram ao TCU (Tribunal de Contas da União). Em novembro de 2024, a maioria dos ministros votou pela repactuação do contrato de concessão. Meses depois, em 30 de janeiro de 2025, a ANTT lançou o edital de leilão da BR-163 em MS.
A solução promete o avanço das obras sem a necessidade de um processo de relicitação — tentativa de driblar o atraso das melhorias aguardadas para a rodovia. A repactuação aponta mudanças nas obrigações de investimentos. Entre elas, a redução dos trechos a serem duplicados.
Antes prevista a duplicação de 806,3 km no contrato original, agora serão 203 km nos novos termos.
Ou seja, os condutores terão menos de 50% da rodovia duplicada. Ainda que 203 quilômetros sejam duplicados, junto aos 150 quilômetros que contêm a duplicação, apenas 41% da estrada terá este tipo de melhoria — que promove segurança aos condutores.
***
✅ Siga o @midiamax no Instagram
Fique por dentro de tudo que acontece em Mato Grosso do Sul, no Brasil e no mundo! No perfil do @midiamax você encontra notícias quentinhas, vídeos informativos, coberturas em tempo real e muito mais! 📰
🎁 E não para por aí! Temos sorteios, promoções e até bastidores exclusivos para você!