A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) defendeu a redução da duplicação obrigatória na BR-163 em Mato Grosso do Sul. Ao Midiamax, a Agência explicou que a medida é alternativa para evitar o aumento do pedágio cobrado pela CCR no Estado.
Marcado para a quinta-feira (22), o leilão possui apenas uma interessada na contratação: a Motiva — novo nome da CCR após repaginação.
Antes o contrato original previa a duplicação de 806,3 km. Agora serão 203 km nos novos termos.
Ou seja, os condutores terão menos de 50% da rodovia duplicada. Ainda que 203 quilômetros sejam duplicados, junto aos 150 quilômetros que contêm a duplicação, apenas 41% da estrada terá este tipo de melhoria — que promove segurança aos condutores.
Duplicação não justificada
O Midiamax questionou a Agência sobre a redução dos trechos duplicados. Assim, a ANTT afirmou que a duplicação não acontecerá em lugares que não justificam o investimento.
“A definição dos locais onde cada obra será executada seguiu critérios objetivos, com base no índice de nível de serviço da rodovia. Ou seja, nos trechos onde o tráfego e o congestionamento atingiram um patamar que justificasse a duplicação, essa intervenção está prevista”.
Logo, colocam como alternativa a implantação de terceira faixa. “Já em pontos onde uma faixa adicional era suficiente para manter a qualidade do serviço, optou-se por essa solução mais enxuta, evitando onerar desnecessariamente a tarifa para o usuário”.
Contudo, a ANTT destacou que “o contrato também prevê que, caso o nível de serviço se degrade ao longo do tempo — por exemplo, com o aumento do tráfego — novas obras poderão ser exigidas, incluindo duplicações em trechos onde inicialmente isso não era necessário”.
Por fim, disse que a redução busca “equilibrar a necessidade de investimentos com a responsabilidade tarifária, guiado por parâmetros técnicos claros e mensuráveis, como o índice de nível de serviço”.
18 acidentes por km
Os 11 anos de concessão da CCR MSVia na BR-163 em MS renderam arrecadações milionárias e um número alarmante de acidentes.
Dezoito é o número de acidentes registrados a cada quilômetro da BR-163 em Mato Grosso do Sul desde 2014, período que marca o início da rodovia sob os cuidados da CCR MSVia. Então, com exatidão, são 18,7 incidências por quilômetro, considerando os 845,9 km de extensão da via que corta o Estado de sul a norte.
A matemática é simples: ao longo de 11 anos, mais de 15,8 mil ocorrências foram registradas na rodovia, em um surpreendente resultado que expõe a frequência de acidentes na estrada sob os cuidados da concessionária.
Os registros citados são da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), com informações de acidentes por quilômetro ao longo da rodovia. Os dados utilizados para a reportagem têm recorte de outubro de 2014 até janeiro de 2025.
Assim, a média de acidentes anual é de 1,4 mil. Ou seja, são 119 ocorrências mensais. Logo, se pensarmos em registros diários, são quase quatro ao dia.

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Falta de acostamento
Para a ANTT, a diminuição dos acidentes se dará pela construção de acostamentos. “A construção de quase 500 km de acostamentos. Uma das maiores fragilidades desse trecho hoje é justamente a ausência de acostamento em boa parte da rodovia, o que compromete a segurança”, admitiu.
A falta de duplicação não é pontuada pela ANTT como fator de periculosidade na rodovia. “Essa nova estrutura será implantada ao longo de praticamente toda a extensão da concessão”, seguiu sobre os acostamentos.
Ademais, disse que “o segundo ponto importante são os cinco contornos urbanos que serão construídos. Eles vão retirar o tráfego nos centros urbanos, reduzindo significativamente o risco de acidentes no perímetro urbano”.
Trechos urbanos são os mais perigosos
O que leva a reportagem a relembrar que os trechos mais perigosos da BR-163 são justamente os urbanos.
As maiores concentrações dos 15,8 mil incidentes registrados na BR-163, em Mato Grosso do Sul, são em trechos urbanos. Nos últimos 11 anos, o km que marcou maior número de ocorrências tem sido o 485. Placa que sinaliza o km 485 frequentemente é cenário de fundo de acidentes no trecho da rodovia que passa por Campo Grande e concentra grande fluxo de veículos diariamente.
São 845,9 quilômetros de extensão da rodovia que passa por todo o Estado. E, em diversos trechos, a estrada ‘corta’ cidades ou contorna o perímetro urbano dos municípios de MS.
A BR-163 possui concessão bilionária da CCR MSVia, que pode renovar a responsabilidade da estrada nesta quinta-feira (22).
Os registros citados são da ANTT, com informações de acidentes por quilômetro ao longo da rodovia. Os dados utilizados para a reportagem têm recorte de outubro de 2014 até janeiro de 2025.
Soluções urbanas
Então, a ANTT destacou que a principal alternativa para segurança serão os contornos. “O projeto prevê a instalação de 22 passarelas e 144 pontos de ônibus, mas o principal mecanismo para aumentar a segurança viária nos trechos urbanos é a construção de cinco novos contornos”, disse ao Midiamax.
Contudo, a CCR terá obrigação de entregar apenas um no início do novo contrato, o prazo é de três anos. “Essa medida permitirá o desvio do tráfego pesado, especialmente de caminhões, das áreas urbanas, o que deve reduzir de forma significativa o número de acidentes ao longo do trecho concedido”, defendeu a Agência.
Por fim, a ANTT destacou que a rodovia prevê modernidade. Porém, se limitam a isenção para motocicletas e desconto para quem passa frequentemente pelos postos de pedágio. “o novo contrato contempla as principais inovações do modelo mais recente, como o Desconto de Usuário Frequente (DUF), o desconto de 5% para usuários que utilizam TAG, isenção para motocicletas, práticas voltadas à sustentabilidade, uma matriz de risco mais moderna, entre outros avanços. Ou seja, trata-se de uma concessão readaptada, que traz os mesmos benefícios e exigências das rodovias concedidas mais atuais”.