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Transparência

Regularização de lotes é dor de cabeça que se arrasta há 35 anos para moradores do Nova Esperança

Prefeitura regularizou lotes, mas associação questiona na Justiça cobrança de 200 parcelas para moradores idosos
Thalya Godoy -
Bairro Nova Esperança. Imagem Ilustrativa. (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Dezenas de famílias do Loteamento Nova Esperança, na região do Anhanduizinho, em , aguardam há 35 anos uma solução definitiva sobre a regularização fundiária do bairro. 

A associação de moradores entrou com um processo contra a Prefeitura de Campo Grande e a Emha (Agência Municipal de Habitação), em 2017, alegando omissão por parte do poder público na regularização fundiária para entrega de título definitivo dos imóveis. 

Na petição, é dito que, em 1989, na gestão do então prefeito Lúdio Martins Coelho, foi criado e executado o loteamento municipal Jardim Nova Esperança. Na época, foram demarcados 280 lotes medindo 10m x 20m e entregues títulos provisórios para cada morador. 

Pela segunda vez na semana, manutenção de ruas da prefeitura deixa vazamentos

A petição alega que foi feita uma promessa que, em 60 dias, a Secretaria de Assuntos Fundiários (atual Emha) passaria cadastrando os moradores e providenciaria o contrato de compra e venda a fim de legalizar o lote. 

Nesse período, foram feitas ruas, implantação de rede de água potável, rede elétrica, iluminação pública, rede telefônica e posto de saúde. 

“Ocorreu que chegou o fim do mandato do Prefeito e nada aconteceu, sendo que da entrega dos lotes em diante (1989), todos os anos em época de eleição diversos candidatos a cargos eletivos públicos peregrinam no loteamento, que hoje é bem populoso, prometendo ‘mundos e fundos’ aos pobres moradores”, afirmaram os advogados na época. 

O valor da causa foi avaliado em R$ 22.480 milhões, considerando que cada um dos 280 lotes foi estimado em R$ 80 mil. 

Associação questiona como problema foi resolvido

A Prefeitura de Campo Grande anunciou, em 2021, que 354 imóveis do Loteamento Nova Esperança estavam em processo de regularização. O número é superior ao pedido inicial dos moradores e levou em consideração um levantamento georreferencial.

Entretanto, a Associação de Moradores questionou como foi resolvido o impasse pela Prefeitura, visto que alguns moradores já se encontravam com 80 anos e precisaram assinar um contrato de compra e venda. Serão 200 parcelas de R$ 100 cada, o que representam 16 anos e meio de pagamentos.

Em conversa com o Midiamax, o advogado da associação de moradores, Ronildo Antônio Alves Garcia, afirma que o executivo municipal reconheceu o pedido, mas cumpriu em parte a solicitação inicial do processo. Diante disso, foi marcada uma audiência de conciliação para 9 de abril para tratar sobre o caso.

“Esperava-se que os ocupantes originários mais antigos, hoje todos com mais de 70 anos, recebessem autorização de escritura sem custas, o que não aconteceu. Receberam contrato de compra e venda com parcelas a pagar, depois de 30 anos no local. Acreditamos que não há o que se discutir nessa audiência de conciliação marcada. Existe um pedido de condenação em danos morais pelo tempo em que o loteamento ficou irregular, o que acabou causando transtornos aos moradores”, explica.

O que diz a Prefeitura?

O Midiamax também entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para solicitar uma nota sobre o caso. Em resposta, a Emha afirma que não há possibilidade de fazer um tipo de cobrança diferente entre os moradores e que segue o que está previsto em lei nesses casos. Confira abaixo a nota completa:

“A Emha informa que conforme pedido inicial, o processo foi interposto visando promover a regularização fundiária de cerca de 280 lotes no loteamento Nova Esperança. Todavia, quando da interposição da ação, o Município de Campo Grande, por intermédio da Emha, já vinha buscando soluções para a formalização da regularização fundiária, regida na época pela Lei Municipal n. 2223/84, mas encontrava empecilhos, tais como, a necessidade de desapropriações de áreas particulares, desafetações de ruas, etc, o que demandou grande lapso temporal.

Ocorre que, em 11 de julho de 2017, foi sancionada a Lei Federal n. 13.465, que abriu um leque de possibilidades para a formalização de regularização fundiária, o que destravou os procedimentos administrativos e possibilitou a formalização das regularizações fundiárias de diversos loteamentos neste Município.

A referida Lei possibilitou a regularização de mais de 350 lotes apenas no loteamento Nova Esperança, e ainda há alguns imóveis aguardando a assinatura de contrato, o que aumentará ainda mais esse número, ultrapassando em muito o pedido inicial da ação judicial.

Importante mencionar que, os atos administrativos devem seguir os critérios de igualdade e proporcionalidade, ou seja, a regularização é realizada para todos os ocupantes de maneira igualitária, não havendo diferenciação no quesito pagamento, a não ser aquele referente à REURB-S ou REURB-E.

A Associação solicitou a adjudicação compulsória, todavia, a escolha do instrumento da REURB trata-se de ato exclusivo do Poder Público, desde que ocorra dentro dos parâmetros legais e assim foi feito.

O instrumento normalmente utilizado neste Município é a compra e venda, sendo certo que, em caso de falecimento do beneficiário, a dívida passa para os herdeiros.

Não há possibilidade de cobrança diferenciada para pessoas idosas, haja vista que tal fato se enquadraria em renúncia de receita e iria de encontro com os princípios constitucionais.

Em relação à audiência de conciliação, não possui nenhuma proposta a ser ofertada, uma vez que o Poder Público vem realizado todos os atos cabíveis para finalização da regularização fundiária no loteamento, não havendo nenhum direito do munícipe que esteja sendo desrespeitado”, diz a nota.

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