Foragido há dois meses, o despachante David Cloky Hoffaman Chita pode ser intimado na modalidade ‘por hora certa’ pela Justiça. O pedido foi feito pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) nos autos de ação penal a qual ele é réu por fraudes ao sistema do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito).

A citação por hora certa do réu David Cloky Hoffman Chita, nos termos do artigo 362 do Código de Processo Penal, uma vez que que há suspeitas de que o mesmo está se ocultando para não ser citado, tendo em vista que reside naquele endereço e não foi encontrado pelo oficial de justiça naquelas oportunidades“, consta no pedido do promotor de Justiça, Adriano Lobo Viana de Resende.

Conforme os autos, oficial de Justiça se dirigiu duas vezes ao endereço residencial de David, mas ninguém foi localizado.

A juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, recebeu a denúncia oferecida pelo MPMS e mandou intimar o despachante para se manifestar no processo.

Além de David, são réus por fraude no Detran-MS os então servidores ‘apadrinhados políticos’, com cargos de confiança no órgão: Genis Garcia Barbosa, Eufrásio Ojeda e Abner Aguiar Fabre. Todos são investigados no contexto da Operação Miríade, deflagrada em junho de 2023.

Conforme as investigações, o esquema era basicamente esquentar documentação de veículos com restrições, em procedimentos que incluíam até vistorias fakes, para torná-los aptos a comercialização.

Foragido em nova operação

No dia 12 de junho deste ano, o Dracco (Departamento de Repressão a Crimes de Corrupção e ao Crime Organizado) realizou nova operação contra fraudes no Detran-MS.

Mais uma vez, o nome de David aparece no centro do esquema. Dessa vez, a Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra o despachante.

Assim, policiais foram ao endereço dele para prendê-lo, mas não o encontraram. Apenas foram informados de que ele e a esposa já estavam fora há cerca de dois meses em município não informado no estado de São Paulo.

O advogado de defesa de David, Wilson Tavares, tenta na Justiça revogar os pedidos de prisão contra David. Porém, o habeas corpus foi negado. À reportagem do Jornal Midiamax, o defensor havia dito que iria emitir nota oficial sobre o caso, o que ainda não ocorreu. O espaço segue aberto para manifestação.

Fraude que ‘lucrou’ ao menos R$ 2 milhões com ajuda de ‘Supergirl’ do trânsito

Mandado de prisão expedido em 29 de maio, pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, enquadra David nos seguintes crimes: enriquecimento ilícito, peculato e associação criminosa.

Conforme investigação policial, o esquema era comandado pelo despachante David Cloky Hoffaman Chita, que está foragido, em conluio com a servidora comissionada do Detran-MS, Yasmin Osório Cabral, presa na noite de sábado (06) – ela também está suspensa das funções por seis meses.

Conforme a polícia, a servidora obtinha clandestinamente senha de outros servidores, acessava o sistema e identificava caminhões com restrições. Então, passava informações para o despachante David Cloky Hoffaman Chita, que exigia o pagamento de R$ 10 mil dos proprietários para liberar os veículos.

Assim, ao receber os valores, a servidora liberava as restrições no sistema e o despachante baixava a documentação. Ao menos 200 veículos liberados irregularmente pelo grupo estão identificados.

Confira nota do Detran-MS sobre o esquema de fraude

“A investigação em questão corre sob sigilo de justiça, de maneira que, como determina o devido processo legal, afastamentos e demais processos administrativos, cíveis ou criminais, devem ser tratados como prevê a legislação. 

O Detran-MS reforça que colabora com os órgãos de controle, interno e externo, para garantir apuração célere e punição rigorosa de eventuais servidores envolvidos em quaisquer práticas ilegais e/ou criminosas. 

Reiteramos que a identificação de atividade ilícita que culminou com as investigações em curso, só foi possível graças ao monitoramento ininterrupto feito pelo Departamento de Trânsito, que identifica ações ou operações atípicas dos servidores, gerando alertas para os departamentos responsáveis investigarem mais a fundo“.

Na ocasião, Yasmin foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre as acusações, mas não enviou resposta até a publicação dessa reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.